Um pouco da magia de Parintins na Ilha

Um pouco da magia de Parintins na Ilha

Mão-de-obra amazonense incrementa desfiles na passarela Nego Quirido

– Qual a maior contribuição dos artistas de Parintins (AM) para o Carnaval da Ilha? A resposta veio em sotaque amazonense: – Mão-de-obra especializada em fazer grandes esculturas com movimento – diz Ivaldo Sarmento, o Mestre Loro, que trabalha para a Protegidos da Princesa. Assim como a verde e vermelho do Morro do Mocotó, outras duas escolas de samba de Florianópolis contratam artistas do Amazonas.

Loro e sua equipe formada por mais sete pessoas vindas de Parintins (uma ilha do Rio Amazonas onde ocorre a encenação do auto do boi) possui a responsabilidade de executar o que o carnavalesco Paulinho Trindade botou no papel.

– Existe uma fusão, um trabalho que se completa no barracão. Trabalhamos na ferragem, escultura e pintura. A decoração final fica com o pessoal daqui – observa o artista, em seu terceiro Carnaval na Capital.

Mas Loro destaca as diferenças entre o trabalho para os bois – ele torce para o azul, o Caprichoso – e para as escolas de samba:

– O material difere muito. Lá se usa muita coisa da própria floresta. Além disso, a alegoria é montada na arena (bumbódromo) aos poucos. Aqui, o carro tem que entrar pronto para percorrer a passarela.

No barracão da Unidos da Coloninha eles foram batizados de Ninjas da Floresta. O trabalho dos oito rapazes segue a mesma linha dos outros artistas amazonenses: escultura de grandes proporções com movimento.

– A gente brinca ser ninja, pois na hora do trabalho a concentração é total. Por causa do fuso horário (com o horário de verão, Florianópolis está duas horas adiantada em relação ao Amazonas), temos outro ritmo. A gente não dorme cedo, por isso gosta de entrar noite adentro – afirma Michel Martins de Souza.

Bom de papo, Fabinho chegou em 2004 na Unidos da Coloninha. Faz ferro, solda e pintura. Aos 27 anos, brinca que passou “metade da vida trabalhando para os bois e escolas de samba”, com passagens por agremiações de São Paulo e Rio de Janeiro. Quando lhe perguntam como conseguem fazer esculturas tão grandes, Fabinho e os amigos mostram pequenas alegorias (pessoas, bonecos, animais) em isopor:

– Partimos de uma pequena maquete e caprichamos na expressão visual – revela.

(DC, 09/02/2010)