O Carnaval da tranqueira

O Carnaval da tranqueira

(Editorial, DC, 18/02/2010)
O feriadão da folia terminou como começou em Santa Catarina, com congestionamentos nas estradas de acesso aos principais balneários do Estado e monumentais filas na BR-101, rota preferencial dos turistas. Se, nesta rodovia campeã de acidentes, a volta para casa depois do feriadão não chegou a registrar mãos de cem quilômetros de fila, como ocorreu no sábado inaugural do Carnaval, a tranqueira estressante também marcou o ritmo, paralisando o fluxo a todo o momento e prolongando a duração das viagens. A foto publicada na capa de nossa edição de ontem, que registrou uma fila de veículos paralisados, a perder de vista, no trecho Sul da BR-101, é emblemática, e talvez ilustre melhor do que qualquer outra imagem o fim de festa e o retorno à dura realidade do cotidiano. Embora chegue ao limite do suportável durante a temporada turística e em feriados espichados, como o Carnaval, que multiplicam o fluxo de veículos nas estradas e vias urbanas, o quadro atual da mobilidade do trânsito no Estado é desalentador, e não se vislumbram, também, quaisquer ações para promover a melhoria das condições de circulação.
O efeito paralisante atinge toda a Grande Florianópolis. Para desatar o nó não bastam medidas tradicionais, como mais um viaduto aqui, um túnel ali, um elevado acolá. É preciso planejar no longo prazo, recorrer a experiências internacionais bem-sucedidas, e adotar modelos de gerenciamento eficazes, que levem a meios eficientes de transporte de massa, mas, sobretudo, que disciplinem e reorganizem a ocupação dos espaços urbanos, respeitando os eixos de expansão e os limites do crescimento das cidades.