Tem que ser limpo e de confiança

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Consumir alimentos vendidos na beira da praia pelos ambulantes irregulares pode causar sérios problemas para a saúde

A blitz realizada pela Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Florianópolis ontem à tarde, na Praia dos Ingleses, encontrou pouco. Com um vendedor ambulante, apenas uma bandeja de churros, com 28 unidades. Do queijo coalho, os fiscais apreenderam uma caixa com cerca de 10 quilos do produto, já no palito e pronto para a venda, escondidos na vegetação de restinga junto à areia, com um saco de castanhas de caju.

A equipe de reportagem do Diário Catarinense havia percorrido a praia pela manhã, no dia seguinte à veiculação pela RBS TV da denúncia quanto às condições em que o queijo coalho é armazenado, sem refrigeração, embalagem ou cuidados adequados, perto de lixo, em uma mesa ao ar livre. Os vendedores, que habitualmente dão entrevistas e se deixam fotografar, saíam de perto. A certo momento, três cercaram o fotógrafo que registrava imagens da praia e reclamaram. Não fizeram ameaças, mas disseram-se desrespeitados e que não foram consultados quanto ao uso de sua imagem.

Após a notícia da presença dos fiscais da vigilância correr a praia, rapidamente os vendedores desapareceram, mas, geralmente, só em Ingleses, entre 15 e 20 deles percorrem a areia comercializando o queijo coalho assado. Um deles, que aceitou dar entrevista mas não se identificou, diz que a atual temporada não está muito boa para o negócio: vende de 80 a 100 palitos por dia, cada um a R$ 3 ou dois por R$ 5.

Secretário da SMDU diz que há poucos fiscais para realizar o serviço

O gerente da vigilância sanitária, Thiago Nattrodt Monteiro, explica que é preciso uma autorização judicial para ir ao local onde o produto é guardado para, então, efetuar sua apreensão e inutilização. Os vendedores de praia também avisam uns aos outros sobre a aproximação da fiscalização na areia, tanto por parte da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU) como da Vigilância Sanitária.

Em entrevista à CBN/Diário, o secretário José Carlos Rauen, da SMDU, disse que os 22 fiscais de que dispõe para toda a cidade são poucos. Eles são responsáveis, além dos vendedores de alimentos, por controlar todos os outros ambulantes e tendas.

A Vigilância Sanitária fiscaliza os que vendem alimentos, inclusive os restaurantes da orla. São 77 fiscais, divididos em áreas de atuação pelo Centro, Norte, Sul, Leste e Continente. As operações são sempre acompanhadas por policiais civis ou militares, porque é comum os comerciantes tentar agredir a fiscalização.

Na blitz de ontem, o proprietário de uma tenda onde foram apreendidos vários alimentos cuja venda é proibida na praia (veja box), irritou-se e tentou impedir a ação. Também foram encontrados, em outras tendas, queijo e presunto, que seriam utilizados para fazer sanduíches, e bebidas alcoólicas para coquetéis, que só podem ser vendidos nos carrinhos específicos.

(DC, 20/01/2010)