04 jan Solução para rios de Ingleses só em 2012
Os moradores de Ingleses que convivem há anos com o cheiro cada vez pior e os riscos para a saúde que resultam do esgoto clandestino jogado nos rios Capivari, Ingleses e direto no mar da praia terão que aguardar no mínimo até 2012 para ver uma solução definitiva para o problema. Esse é o tempo que a Casan estima levar para finalizar o projeto do sistema de tratamento de esgoto do distrito, que encontra-se em análise pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma).
O projeto está orçado em R$ 70 milhões e visa atender ao todo 83.340 habitantes e amenizar o problema pelos próximos 20 anos. Enquanto isso, o esgoto continua desembocando direto na praia, prejudicando inclusive o turismo da região. Somente neste ano, segundo a Vigilância Sanitária de Florianópolis, foram feitas mais de 800 denúncias sobre esgoto sendo lançado de forma irregular, mas atuam somente dois fiscais da prefeitura em Ingleses. Muitos dos imóveis que jogam esses dejetos são de estabelecimentos que exploram o turismo, como hotéis e pousadas. Segundo a Superintendência de Ingleses, somente 30% do distrito recebe tratamento de esgoto, concentrado nas ruas centrais.
A Associação de Moradores SOS Capivari, que conta com um blog na internet, vem realizando abaixo-assinados, reuniões e participando de audiências públicas reivindicando uma solução para a situação dos rios de Ingleses. O presidente da associação, Daltro Ribeiro Prestes, lembra que há 10 anos era possível tomar banho nos rios e andar descalço na praia, enquanto agora mal é possível chegar perto da praia. Segundo o gerente de Projetos da Casan, Fábio Krieger, as obras da rede coletora de esgoto e da estação de tratamento estão praticamente concluídos, faltando o emissário submarino. A Casan apresentou diversos projetos de tratamento de esgoto que foram rejeitados pela comunidade.
Daltro Prestes diz ser totalmente contra o novo projeto da Casan. “Para se realizar uma obra pública, é necessário que a discussão em relação ao assunto e audiências sejam transparentes e também públicas, todos devem ter o direito de participar”, aponta Prestes. “É preciso que haja alternativas, mais opções e modos diferentes de combater o problema e não só uma idéia engessada, pois esse projeto também não tem um grande planejamento, pois o que esta sendo visado é favorecer a elite, sem dar muita importância para o que é melhor para a sociedade local de um modo mais geral”, analisa o presidente da SOS Rio Capivari. Ele defende que, quando se tem a formação de um bairro ou cidade, a primeira coisa que deve ser pensada é um plano diretor, para que haja um desenvolvimento de acordo e não apenas desordenado. Defende ainda que todos os rios sejam tratados desde a nascente.
(Alexandre Winck, Jornal Folha do Norte da Ilha, 23/12/2009)