05 jan Reage, Floripa
Artigo escrito por Mauro Passos – PRESIDENTE DO INSTITUTO IDEAL (DC, 05/01/2010)
São Paulo, em menos de duas décadas, deixou de ser a terra da garoa para se transformar na capital do dilúvio. O que antes molhava e logo passava, hoje mata! A cidade ficou refém da sua desorganização. Nada acontece de um dia para o outro, é um processo. Uma área aterrada, um córrego assoreado, um morro ocupado, árvores cortadas, o solo impermeabilizado, o loteamento clandestino, a avenida mal projetada, o vereador venal, o fiscal corrupto, o empresário predador, o prefeito omisso, e o caos se estabelece. Essa tem sido a regra do crescimento desordenado das nossas cidades. As consequências, por todos conhecidas: mortes, desabamentos, perdas materiais, transtornos e estresse. Nos engarrafamentos cada vez maiores, a sensação de impotência. Nas obras desnecessárias e superfaturadas, o sentimento de revolta. A morte urbana de São Paulo já vinha sendo anunciada há muito tempo. Seus gestores pouco fizeram. Alagamentos e congestionamentos fazem parte do cotidiano da cidade.
Aqui, em Florianópolis, não tem sido muito diferente. Duas recentes decisões da Câmara Municipal estão na contramão da boa gestão urbana: a não-aprovação do defeso do Itacorubi e o Estudo de Impacto de Vizinhança. O que mais chamou a atenção foi que, numa Câmara onde o prefeito tem folgada maioria, o resultado tenha sido contra o encaminhamento do Executivo. Ou estamos diante de uma encenação, o que é grave, ou os vereadores precisam explicar seus votos aos eleitores. Nos dois projetos, só identificamos um setor interessado nesse resultado, o da construção civil. Portanto, o que aprovaram não foi a vontade da cidade. Florianópolis já vem dando sinais de esgotamento e caminha, a passos largos, para o colapso urbano. Votações como as citadas agravam essa situação. Reage, Floripa.