18 jan O verão da imobilidade
(Editorial, DC, 18/01/2010)
Fenômeno antes circunscrito às maiores cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, os engarrafamentos de trânsito, nesses anos recentes, espalharam-se por quase todos os centros urbanos de grande e médio porte do país. Um exemplo eloquente desse fenômeno, é o de Brasília, que foi projetada pata ter trânsito livre em seus amplos espaços abertos. Hoje, quem mora em Taguatinga, que fica a apenas 30 quilômetros do Plano Piloto, perde quase quatro horas por dia para ir e voltar do trabalho. Em São Paulo, já são comuns as filas de mais de cem quilômetros. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) calculou que a capital paulista perde, R$ 27 bilhões por ano, valor de riqueza adicional que poderia ser gerada caso o tempo gasto no trânsito fosse aplicado ao trabalho.
Florianópolis e região não fogem ao padrão da imobilidade no trânsito. Neste final de semana, os congestionamentos foram especialmente estressantes e exigiram “paciência de Jó” dos moradores e dos turistas, imobilizados pelas gigantescas filas que paralisaram, horas a fio, os caminhos na Ilha de Santa Catarina e no entorno da Capital. À altura da praça do pedágio da inconclusa BR-101 Sul, forma-se um gargalo que gera filas quilométricas. Alguém já calculou o quanto o tempo perdido nesses engarrafamentos poderia produzir em geração de riqueza e emprego? Enquanto isso, os governos – dos municipais ao federal – fingem que não é com eles, e a cidadania aguarda nas filas paralisadas, passivamente, como se isso fosse um fatalidade, e não obra de uma visão deformada e desumana de desenvolvimento econômico e da incompetência dos administradores públicos que elege.