29 jan Florianópolis: preparando tragédias morro abaixo
Será que se houvesse planejamento urbano, atuação e fiscalização efetiva das autoridades locais, teríamos tantas vítimas de enchentes e deslizamentos de encostas em nosso país? Recentemente, imagens tomadas de helicóptero em um aglomerado urbano tomado pelas águas mostraram que poucas edificações estavam fora da área de inundação!
Se as municipalidades proibissem a ocupação, se não fossem concedidas ligações de água e luz, e se as conexões clandestinas fossem sumariamente cortadas, ninguém ficaria instalado em tais áreas.
A população brasileira precisa ser educada em todos os sentidos. Mas isso não interessa aos políticos e governantes.
Povo educado vota com discernimento, e a maioria deles iria perder a boquinha.
Além de termos representantes à altura da deseducação geral (para ser fino e não dizer “ignorância”) a mesma população dá um tiro no pé.
Constrói irregularmente (ou autorizada pela irresponsabilidade pública) edificações em barrancos e pés de morros. Joga lixo nos córregos e bueiros. Não contribui em nada para que haja vazão da chuva e a inexistência de risco de deslizamentos nas sempre presentes águas torrenciais de verão.
Depois das tragédias, a mídia que não ajuda a educar se faz de salva-pátria, na defesa dos atingidos, o que é sua obrigação, sem lembrar-se de que não deu antes qualquer orientação. As autoridades são cobradas – com toda justiça – e fazem pouco perto do muito necessário.
Até porque a população quer é anistia e autorização para construir em áreas de preservação e de risco. Nada de novo, pois, no reino podre de nossa pobre Dinamarca.”
(Ilha Capital, 29/01/2010)