06 jan Cidades fortificadas do Brasil e Uruguai discutem destino das fortalezas
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comemora seus 50 anos de criação e 271 anos do início da construção das fortalezas da Ilha de Santa Catarina promovendo dois grandes eventos para discutir a administração e preservação de fortalezas no Brasil e no mundo. O VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e o Primeiro Encontro Técnico de Gestores de Fortificações reunirão, de 31 de março a 2 de abril, no auditório da Reitoria, em Florianópolis, representantes de pelo menos 14 fortificações do Brasil e Uruguai. As cidades fortificadas dos Açores, Argentina, Chile e Portugal Continental também estão sendo mobilizadas para o evento.
Mantidas por universidades federais (como no caso das quatro Fortalezas da Ilha de Santa Catarina), Polícia Militar e prefeituras municipais, as fortificações enfrentam o mesmo impasse em todo Brasil: ou encontram alternativas de auto-sustentação ou sucumbem à falta de recursos para seus projetos de restauração. O objetivo dos dois eventos, realizados pela primeira vez no Brasil, é discutir saídas para esse desafio e trocar experiências de práticas bem-sucedidas de gestão, explica o coordenador do Projeto Fortalezas da Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte) da UFSC, Jói Cletison.
Entre as soluções estudadas estão a possibilidade de aluguel para eventos particulares, casamentos ou convenções como já faz o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Uma portaria normatizando esse aluguel para as fortalezas da Ilha de Santa Catarina já está em fase de definição de valores, informa Cletison. A grande contribuição da UFSC ao evento será a ampliação do Banco de Dados sobre Fortificações no Mundo (www.fortalezas.org) para todos os participantes em um sistema colaborativo.
Criado em 2008 pelo engenheiro arquiteto Roberto Tonera, coordenador do Projeto Fortalezas Multimídia, o sistema pioneiro em nível mundial permite o armazenamento de informações em meio eletrônico sobre essas construções históricas. Hoje já conta com a participação do Uruguai, entre outros países, tendo cadastrado um total de 800 fortalezas de todo mundo.
A vinda de oito gestores de fortificações já está confirmada: dois de Montevidéu, no Uruguai (Forte General Artigas e Forte São Miguel), e seis no Brasil (Recife, Salvador, Macapá, Belém do Pará, Rio de Janeiro, São Paulo), além das fortalezas de Santa Catarina. Isso inclui as fortificações administradas pela UFSC em Florianópolis (Forte de Santa Bárbara, que hoje é sede da Fundação Franklin Cascaes, da Prefeitura de Florianópolis) e o Forte de Santana, que abriga o Museu de Armas Lara Ribas (administrado pela Polícia Militar de SC). Ambos ficam localizados no centro de Florianópolis. Santa Cruz de Anhatomirim, Santo Antônio de Ratones, São José da Ponta Grossa e ainda a fortaleza de São Francisco do Sul (Marechal Luz).
Durante o Primeiro Encontro de Técnico de Gestores de Fortificações, os gestores brasileiros e uruguaios que desenvolvem projetos de referência nacional e internacional apresentarão experiências referentes a: auto-sustentabilidade, parcerias e projetos, captação de recursos, corpo técnico, manutenção e conservação de edifícios e acervos, pesquisa e documentação, divulgação e difusão cultural, educação patrimonial, visitação e turismo, acessibilidade, uso adequado dos espaços, atividades artístico-culturais, entre outros temas. O objetivo é mostrar de que forma cada gestor vem atuando nessas áreas, equacionar problemas comuns e fazer o intercâmbio de práticas criativas de gestão que possam contribuir para melhorar e modernizar a preservação das fortificações.
As cinco edições anteriores do Seminário ocorreram no Uruguai (Montevidéu, Colônia do Sacramento e Maldonado), sob a coordenação do Espacio Cultural Al Pie de la Muralla. Esses encontros, iniciados em 2005, permitiram fomentar as produções e investigações sobre o tema das fortificações no Uruguai, Brasil, Chile, Colômbia, além de terem possibilitado intercâmbio entre especialistas dessas nacionalidades. “Pretendemos agora avançar com essas pesquisas e disponibilizar os resultados alcançados a um público ainda maior”, espera Roberto Tonera, responsável pela conservação e restauração das fortalezas da Ilha de Santa Catarina.
Mais Informações: (48) 3721-8605 / e-mail: joi@nea.ufsc.br
(Raquel Wandelli, Agecom, 05/01/2010)