11 jan Banhistas transformam praias brasileiras em montanhas de lixo
Companhias de limpeza de 7 cidades pesaram o lixo recolhido na praia.
Salvador foi a cidade que apresentou o maior número, com 7,5 t.
As companhias de limpeza urbanas de sete cidades separaram e pesaram o lixo recolhido num trecho de um quilômetro de praia num único dia de fim de semana. O resultado, exibido neste domingo no Fantástico, mostrou que a campeã foi Salvador: os lixeiros recolheram 7,5 toneladas.
“A imagem da praia em um dia de segunda-feira é horrível, é um deserto, parece um aterro sanitário. Muito lixo e muita casca de caranguejo, os próprios barraqueiros não zelam pelo ambiente”, lamenta o fiscal de limpeza Manuel Bonfim Alves.
A turista portuguesa Aurélia Martins também demonstrou insatisfação : “Acho que é uma vergonha para o Brasil, uma vergonha para Salvador e é um atentado à natureza”.
Em segundo lugar, de acordo com o teste, ficou Fortaleza, mais de seis toneladas na Praia do Futuro. O calor da capital cearense dá uma pista sobre o tipo de lixo que é mais produzido: 70% são cocos que, depois de consumidos, vão parar na areia da praia. Só de cascas de coco foram quase cinco toneladas.
“Eu me revolto com a própria população que não colabora. Em vez de pegar o lixo e colocar dentro da cesta, joga no chão, na frente da gente mesmo”, reclama o gari José Marques da Silva.
Em terceiro lugar ficou Guarujá. Foram cinco toneladas de lixo recolhido. Em quarto, Recife, na Praia de Boa Viagem, com pouco mais de duas toneladas, seguida por Natal, com uma tonelada na praia de Redinha.
É tanto lixo que o ambientalista Adriano Artoni chega a retirar sozinho 300 kg nos fins de semana das praias do Recife. Só de sofás, Adriano já recolheu 85. “Eu tenho um pequeno museu, que tem dentadura, fogão, geladeira, capacete, ossos humanos. Tudo o que e recolhido nos rios e nos mares”, conta o ambientalista.
Regiões Sul e Sudeste
Duas cidades das regiões Sudeste e Sul se saíram um pouco melhor. A Praia de Canavieiras é uma das mais movimentadas de Florianópolis. Tem pouco mais do que dois quilômetros de extensão e, ao longo de toda a faixa de areia, há lixeiras a cada 20, 30 metros. Quer dizer: o banhista não tem desculpa para deixar sujeira na areia.
Coincidência ou não, fato é que Florianópolis teve o melhor resultado no teste do lixo do Fantástico. No quilômetro de praia pesquisado, os garis recolheram apenas 125 kg nas areias.
Ratos e pombos
No Rio de Janeiro, a praia pesquisada foi Copacabana. A quantidade recolhida foi 870 quilos. O que muita gente não se dá conta é que sujeira atrai sujeira. O lixo deixado pelos banhistas atrai ratos e pombos. Isso para não falar nos animais de estimação, que não deveriam vir à praia.
“As pessoas não cumprem a legislação, principalmente cedo, e trazem os animais para cá”, destaca a secretária de Meio Ambiente do Rio de Janeiro Vera Lúcia de Oliveira.
Diego Costa é veterinário. Mas ele não quer nem saber: “Cachorro não pode passar muita doença porque meu cachorro é vacinado. Sabia que é proibido”.
Some-se a isso tudo o velho problema das águas poluídas pela falta de tratamento, e o resultado é que banho de mar em algumas cidades brasileiras pode ser prejudicial à saúde: das praias pesquisadas em Florianópolis e Rio de Janeiro, o banho de mar só é liberado com restrições. Nas outras cidades, os trechos visitados pelo Fantástico estão liberados.
“Seria fácil trazer saco, acumular o que consome na praia e levar até um container. A cidade ia agradecer muito”, sugere o diretor da Comlurb Luiz Guilherme Gomes.
(G1, 11/01/2010)