04 jan Água e Pedágio
Blog de Moacir Pereira (DC, 03/01/2010)
Se você reside na Ilha de Santa Catarina e aqui pretende continuar com a família, comece a pensar seriamente em novas alternativas de vida, ou de transporte. Admita que a Ilha tem limites físicos, até por sua formação geográfica, e não comporta receber um milhão de visitantes durante a temporada. A solução mais lógica e racional neste momento é examinar a hipótese de cobrança de pedágio. Aliás, como já acontece em outra ilha, a de Fernando de Noronha. Ali, paga-se para entrar. E o número de turistas é limitado. Há, contudo, uma grande diferença. Enquanto Fernando de Noronha está isolada e distante do litoral pernambucano, Florianópolis tem duas pontes. Ou estuda-se uma forma de limitar o fluxo de veículos ou o caos será muito maior em futuro próximo.
Pedágio, aliás, que já se impõe até fora das festas de fim de ano e do verão. Nos dias normais de semana perde-se tempo enorme em filas intermináveis, especialmente, no acesso ao sul da Ilha e, de forma ainda mais dramática, no acesso ao Continente.
O sistema de rodízio, adotado em São Paulo, e outras cidades grandes, não funciona. Privilegia os ricos que compram dois ou três carros, com placas de números alternados, e penaliza os pobres.
Londres cobra pedágio de carros particulares que procuram a área central. O que o poder público faz com a receita? Investe na qualidade do transporte público, que já é eficiente. Cingapura, outra ilha que agora está ligada por pontes, também criou a tarifa para ingresso. No centro, as restrições são ainda maiores e o pedágio mais oneroso. De graça, circulam apenas ônibus, táxis, bombeiros e polícia.
O que não dá é para continuar este caos, que novamente castiga a maioria da população. Ficar duas horas em congestionamentos gigantescos para ir ao Sul da Ilha, dentro de um ônibus sem ar condicionado, com temperaturas de 35ºC é um suplício. Ninguém se sensibiliza com este drama?
Parada Geral
Quando o presidente da Casan, Walmor de Lucca, vem a público para denunciar a improvisação e a falta de planejamento da Prefeitura de Florianópolis, está decretando a falência do poder público. O município é o poder concedente. Acabou de renovar o contrato com a Casan. Há obrigações. A concessionária, ao invés de atender as necessidades de demanda na distribuição d’água, acusa a concedente de negligência e falta de coordenação? Então, esperar o quê? E olha que o prefeito Dário Berger é do PMDB, do mesmo partido do governador Luiz Henrique.
O modelo faliu? Mude-se o modelo. Itapema tem um sistema d’água privado que funciona sem problemas. E lá o crescimento da demanda também é crescente. A mesma empresa resolveu os problemas de saneamento, investindo pesado em redes de esgoto. Joinville rescindiu o contrato com a Casan e montou empresa mista. Segundo o ex-prefeito Marco Tebaldi e o atual Carlito Mers, funciona muito melhor do que antes.
O presidente da Casan fez duas revelações que assustam: 1. Está com 50 projetos de construção de edifícios sobre a mesa. Não autoriza porque a Casan não tem como garantir o abastecimento d’água. 2. Só na Rodovia Ademar Gonzaga, ao lado do Cepon, há um empreendimento imobiliário que prevê 10 prédios. Ali não tinha uma única residência. Vai contar em breve com 1,2 mil novos apartamentos. Sem melhoria do sistema viário, da rede de água e de energia elétrica.
Está ruim? Vai ficar muito pior se a cidadania não se mexer e o poder público continuar na inércia em que se encontra.