05 nov Convivência sempre difícil
Criada em maio de 2007, a Secretaria de Justiça e Cidadania nunca teve relacionamento fácil com outras instituições que atuam na segurança. Em diversas ocasiões os atritos entre a Polícia Civil e a pasta foram relatados pela imprensa. A relação também não é boa com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão.
As diferenças com a Polícia Civil ficavam mais evidentes durante as fugas em massa da Central de Triagem da Capital. O chamado Cadeião surgiu como um local administrado pelos policiais, que sempre reclamaram de cuidar de detentos. A gestão passou para o Departamento de Administração Prisional (Deap), que dizia não ser responsável pela unidade prisional. A indefinição fez as instituições reclamarem uma da outra constantemente.
Em outubro, quando 26 detentos foram levados para a porta do Cadeião, o diretor de Polícia da Grande Florianópolis, delegado Nivaldo Claudino Rodrigues, chamou Hudson de mentiroso. Em uma reunião no final de agosto para tratar da formulação do plano de Segurança Pública, anunciado pelo governo do Estado em 2 de setembro, o delegado geral da Polícia Civil, Maurício Eskudlark, gritou e bateu na mesa. Ele protestava contra a sugestão do secretário de Justiça e Cidadania, Justiniano Pedroso, em mandar agentes prisionais cuidarem de presos em delegacias.
As reservas dos agentes prisionais à Polícia Civil são tamanhas que pelo menos 50 funcionários da categoria se reuniram ontem à noite, na sede do Deap, em apoio ao diretor exonerado. Os servidores afirmaram que pretendem fazer uma paralisação geral e até entregar os cargos, caso um policial civil seja nomeado diretor.
Secretaria foi criada para diminuir poder de Benedet
Conhecedores da área dizem que a Justiça e Cidadania foi criada para retirar poder do secretário de Segurança Pública, Ronaldo Benedet. Desde a divisão, o Deap não se reúne mais com técnicos da segurança pública. Antes, o diretor despachava pelo menos uma vez por semana com Benedet. Agora não presta contas.
(DC, 05/11/2009)