Estudante de iniciação científica participa de pesquisa para desenvolvimento de bioplásticos

Estudante de iniciação científica participa de pesquisa para desenvolvimento de bioplásticos

Sacolas, copos descartáveis, embalagens. Com certeza você utiliza e joga fora algum desses produtos todos os dias. Feitos de plástico, quando são descartados, chegam a ficar até 300 anos na natureza, contribuindo para a superlotação dos aterros sanitários. Uma das suas grandes virtudes, a durabilidade, tornou-se também seu maior problema.

A produção de plásticos biodegradáveis, que têm capacidade de se decompor em meses, é encarada como uma alternativa para esse problema ambiental. Estudos nesse campo foram apresentados no 19° Seminário de Iniciação Científica, evento integrado à programação da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex).

O problema dos plásticos comuns

Os plásticos são formados por compostos químicos chamados de polímeros, geralmente são derivados do petróleo. Devido à sua estrutura, não sofrem alterações moleculares durante o aquecimento, podendo ser novamente fundidos após o resfriamento. Como são facilmente moldáveis, podem ser obtidos com diferentes formas. Versáteis, possuem alta resistência química e mecânica, são impermeáveis e podem ser transparentes ou coloridos.

Essas características, associadas ao seu baixo custo de produção, tornaram os plásticos altamente difundidos em todo o mundo, encontrando aplicações nos mais variados setores. Apesar das vantagens, esse material não é biodegradável e leva centenas de anos para se decompor. A grande produção e consumo geram enormes quantidades de resíduos sólidos, e seu descarte é feito em aterros sanitários, cuja capacidade está se esgotando. Para contornar o problema, pesquisas buscam alternativas como a reciclagem dos plásticos e a sua substituição por plásticos biodegradáveis, mais compatíveis com a filosofia de preservação ambiental.

Plásticos feitos a partir de recursos renováveis

O projeto da UFSC ‘Alternativas biotecnológicas para a produção de plásticos biodegradáveis’ estuda maneiras de agilizar o processo de formação do novo plástico e viabilizar sua maior utilização.

Os plásticos biodegradáveis, ou bioplásticos, são polímeros que se degradam completamente em meses, quando entram em contato com o ambiente. Ao invés de petróleo, podem ser formados a partir de resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana-de-açúcar, soro de leite e amido.

Dentre os biopolímeros desenvolvidos pela pesquisa estão os polihidroxialcanoatos (PHA’s). Além da vantagem de serem produzidos com recursos renováveis, os PHA’s ainda apresentam outras importantes características: são biodegradáveis, biocompatíveis (quando em contato com o organismo não apresentam rejeição), têm propriedades termoplásticas e características físicas e mecânicas semelhantes ao polipropileno, polímero derivado do petróleo.

Os PHA’s são polímeros acumulados por diversos microrganismos. A pesquisa busca melhores estratégias de cultivar a bactéria Cupriavidus necator, que sintetiza e acumula PHA’s como reserva de carbono e energia. Em biorreatores, os estudiosos criam condições para que a bactéria se reproduza. O processo para obtenção de alta densidade celular dura cerca de 72 horas, e exige coleta de amostragens a cada duas horas.

O plástico biodegradável já é produzido industrialmente, sendo utilizado pela biomedicina nos fios de sutura e na encapsulação de comprimidos. Apesar de suas vantagens, tem um custo de produção superior aos plásticos comuns. Melhorando o tempo de fabricação e usando recursos baratos (renováveis), a pesquisa procura tornar o biopolímero competitivo em relação aos plásticos convencionais, contribuindo, assim, com a preservação ambiental.

O projeto ‘Alternativas biotecnológicas para a produção de plásticos biodegradáveis’ faz parte de uma linha de pesquisa do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos. A apresentação do estudo no Seminário de Iniciação Científica foi feita por Andréa Acordi de Melo, há três anos envolvida no projeto e estudante da décima fase de Engenharia de Alimentos da UFSC.

A aluna é bolsista de iniciação científica desde dezembro de 2007 e destaca que a participação no programa é essencial para o melhor aproveitamento do Curso. “Tenho uma relação mais próxima com a prática e posso ver como a teoria se aplica, além de aprender a escrever, ler e apresentar artigos científicos”.

Sobre o seminário

Nos dias 21 e 22 de outubro a UFSC realiza seu 19º Seminário de Iniciação Científica. O evento é direcionado à avaliação dos trabalhos de estudantes de graduação que têm bolsas de iniciação científica. É também uma oportunidade para que os “jovens cientistas” universitários apresentem seus trabalhos à comunidade.

Mais informações sobre a pesquisa com bioplásticos: (48) 9918-2621 ou andreamcdz@yahoo.com.br

(Agecom, 22/10/2009)