28 out E o mar segue vazio
Governador Luiz Henrique anunciou a implantação do transporte marítimo no Estado, mas não há data definida para o lançamento do edital por falta de verbas
O transporte marítimo de Florianópolis está encalhado na gaveta da Secretaria de Infraestrutura do Estado. Por falta de investimentos estaduais e pela inexistência de projetos municipais, a orla, que antigamente servia de caminho para mercadorias e passageiros, hoje é utilizada apenas por garagens náuticas e iates-clubes.
Com exceção das embarcações que realizam o serviço de transporte público entre a Lagoa da Conceição e Costa da Lagoa, na região Leste da Capital, a demanda náutica está a ver navios. O único projeto que prevê movimentar as águas da cidade está parado desde o final de 2007, quando uma consultoria paulistana contratada pelo governo finalizou uma assessoria técnica para implantação de quatro linhas de transporte hidroviários de passageiros.
– Não temos recursos para lançar o edital de execução de projetos – explicou o gerente de infraestrutura aquaviária da Secretaria de Infraestrutura do Estado, Silvio dos Santos.
Na semana passada, logo após o retorno de uma missão comercial à Rússia e Inglaterra, o governador Luiz Henrique trouxe uma novidade e anunciou a implantação do sistema de transporte marítimo no Estado, com aerobarcos conhecidos como hovercraft.
As duas embarcações previstas devem fazer o roteiro entre São Francisco e Joinville, na região Norte, e a ligação da área continental da Grande Florianópolis com a Ilha de Santa Catarina. Segundo o governador, elas são rápidas, seguras, confortáveis e têm capacidade para 80 passageiros.
Ainda não é possível afirmar quem vai comprar as embarcações, se o Departamento de Transportes e Terminais (Deter) ou se haverá concessão do Estado para exploração dos serviços por uma empresa privada. A decisão deve sair até o fim de dezembro.
Projeto precisa de três anos para ficar pronto
O edital para a execução dos projetos ainda não tem data para ser lançado. Mas, de acordo com Santos, caso isso aconteça este ano, serão necessários mais três anos para a conclusão das obras e uso das embarcações.
– Estas não são obras usuais. É preciso investir em estudos de vento, maré, correntes e ondas. Temos também dificuldades técnicas e ambientais. O trabalho não é difícil, mas não flui como se quer. Poderíamos estar um pouco mais adiantado – admitiu.
O secretário de Transportes, Mobilidade e Terminais de Florianópolis, João Batista Nunes, destaca um antigo projeto da prefeitura que foi extinto por falta de autorização da Marinha. Hoje, o trapiche construído atrás do Centro de Convenções Centro Sul, está abandonado.
– O transporte só será eficiente se for integrado a outros, como o teleférico e o metrô de superfície. Eu defendo a tese do transporte coletivo – disse.
Santos também não acredita que o transporte marítimo vai resolver todos os problemas do complicado trânsito da Capital. Para ele, a solução via mar é só uma parte.
O secretário de Transporte ainda destaca o recém-aprovado plano de gerenciamento costeiro que vai propiciar possibilidades técnicas e financeiras e impulsionar o transporte marítimo na cidade.
– Agora teremos a noção exata se a nossa orla realmente permite o transporte marítimo. Um projeto sério precisa de investimentos públicos e privados para atender as necessidades.
(DC, 28/10/2009)