01 out Delegados criticam comandante da PM
Policiais divulgaram moção de repúdio contra discurso do coronel Eliésio Rodrigues durante cerimônia
Os delegados de Santa Catarina divulgaram ontem uma moção de repúdio em que classificaram como descabido e rancoroso um discurso do comandante da Polícia Militar, coronel Eliésio Rodrigues, em 17 de setembro. O coronel afirmou que não existem motivos para a reação porque não houve nenhuma ofensa.
As declarações que causaram a briga ocorreram durante uma cerimônia do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos da PM. O secretário da Segurança Público, Ronaldo Benedet, estava no local.
A presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Santa Catarina (Adepol), Sonêa Maria Ventura Neves, disse que o coronel Eliésio aproveitou um evento da PM para atacar outra categoria. De acordo com ela, Eliésio se dirigia à Polícia Civil como “outra instituição” durante o discurso.
Sonêa considerou as declarações lamentáveis e afirmou que não são compatíveis com a posição ocupada pelo comandante. A presidente da Adepol reclamou o fato de o coronel dizer à tropa que líderes são aqueles que não deixam passar uma lei obrigando a chamar delegados de excelência. Por trás da declaração, está uma proposta que tramita no Congresso Nacional que torna a função de delegado uma carreira jurídica.
Projeto seria causa do descontentamento
Sonêa afirmou que o discurso pode causar animosidade no convívio entre as corporações e declarou que o problema não foi criado pelos delegados. O coronel garantiu que não haverá complicações na atuação das duas corporações. Sobre o projeto que torna delegado uma carreira jurídica, o comandante da PM disse que na cerimônia não afirmou discordar da possibilidade de se dirigir a um delegado como excelência. O coronel Eliésio ressaltou que o secretário da Segurança Pública estava no evento e não fez qualquer reparo sobre o discurso. Garantiu que proferiu somente palavras que elevam o moral da tropa e recuperam a reputação da PM. Alegou, ainda, que tem um título de amigo da Polícia Civil.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Segurança Pública informou que não recebeu a moção de repúdio. O delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Eskudlark, afirmou que não tomou conhecimento do discurso de Eliésio. Ele ressaltou que defende o respeito entre as corporações.
(Felipe Pereira, DC, 01/10/2009)