14 set Especialista diz que área deve ser de uso coletivo
Iniciado em 1985, o processo de tombamento da Ponte Hercílio Luz levou 12 anos para ser concluído, em 15 de maio de 1997. Nesses anos, muito se discutiu sobre a necessidade de se garantir a preservação por lei da hoje octogenária ponte. Entre os principais argumentos estava o fato de, além de ela própria, seu entorno abrigava imóveis e áreas públicas que foram palco de fatos importantes da história de Florianópolis.
A arquiteta Maria da Graça Agostinho é uma das defensoras do tombamento por considerar que, independentemente de haver outras edificações descaracterizando a região, não se justifica a construção do prédio da Receita Federal em terreno localizado tão perto da ponte e até do Parque da Luz, onde, até o final do século 19, estavam os principais cemitérios da Capital e que, após um movimento organizado por entidades sociais, abriga hoje uma dos maiores áreas verdes da região central da capital catarinense.
Autora da tese Espaço Público e Cidadania nas Cidades Contemporâneas: o Caso do Parque da Luz, a arquiteta avalia que apesar da demora para se chegar a um consenso para regulamentar o tombamento, a decisão só confirmou o que já era uma lei da esfera municipal que considerava toda a cabeceira da ponte como área de patrimônio tombado.
– Tanto que, em 1987, queriam o mesmo terreno em questão para construir outro prédio e isso não foi permitido – conta.
Cabeceira guarda locais de importância histórica
Na opinião de Maria da Graça, o espaço cedido a um prédio público poderia ter sido assegurado a um projeto para revalorizar aquela região, de grande importância histórica.
– Perdeu-se uma ótima oportunidade de fazer isso – analisa.
A arquiteta reforça em seus estudos de que é de fundamental importância tentar manter a memória da cidade viva preservando pelo menos em parte o que restou de algumas áreas.
Maria da Graça destaca que esse conhecimento da história permite entender com mais clareza a evolução urbana da Capital, já que quando a Hercílio Luz foi inaugurada, em 1926, a cabeceira insular era a porta de entrada da cidade.
(DC, 13/09/2009)