12 ago Fantásticas imagens suspensas
O registro além da fotografia clássica reúne alunas da Udesc numa coletiva na Capital
Levar o fantástico do imaginário ao papel de fotografia. Este foi o desafio proposto a sete fotógrafas, estudantes do curso de Artes Plásticas da Udesc, e o resultado pode ser conferido a partir de hoje na mostra Suspensório, na Capital. A entrada é gratuita.
As expositoras participaram da oficina Fotografia e o Processo de Criação, da professora Virgínia Yunes, no primeiro semestre deste ano. As imagens seguem a proposta de ultrapassar a relação com a fotografia clássica. A estudante de artes plásticas Monica Priori, por exemplo, fez intervenções sobre negativos fotográficos de sua própria pintura.
– Eu pinto diretamente sobre o jornal. Na oficina, com intermédio do grupo, fiz fotos do meu trabalho de pintura e interferi no negativo, com perfurações, alfinete, coisas para se desfazer. Usei negativo de slide com máquina analógica. Vou expor quatro fotos, que são ampliações da minha própria pintura. Minha proposta é lidar com o acaso, a experiência, o que pode ser feito através de uma intervenção manual. Geralmente a gente tira a foto e revela e depois interfere no computador, mas eu quis fazer tudo manual – explica.
Já a estudante Taiana Lima, por sua vez, criou um livro-objeto com fotografias de uma mesma imagem, a fim de revelar seu apagamento.
– Eu uso a mesma imagem desde o preto até o branco, mostrando a questão da não-imagem. É uma contradição, a gente trabalha com arte visual, com imagem, e quero contrapor isso. Se não tiver a imagem, um objeto principal, como vai ficar? É uma brincadeira com a presença e a ausência, uma coisa contemporânea – afirma.
Carolina Rögelin, recém-formada em Artes Plásticas, registrou cenas do espetáculo de dança-teatro Socorro. As fotografias têm um aspecto borrado, feitas com baixa velocidade do obturador, para transmitir a ideia de que a foto de dança é impossível.
– São movimentos que nunca vou conseguir captar, é sempre um instante. As formas representam a impossibilidade de fotografar a dança. Nomeio meu trabalho como Mariposas, pois trago a ideia do (pensador francês) Didi Huberman. Ele compara a dança com o voo da borboleta. É impossível captar a imagem da borboleta, porque a imagem é ela própria voando, e não a foto dela. É impossível de entender, é uma coisa que nos escapa. Tentei captar uma coisa que é impossível, só é possível ao vivo mesmo, a experiência no ato, no instante, uma ideia real – diz.
Três estudantes aproveitaram o próprio corpo para produzir seus trabalhos. Debora Pazetto procurou colocar seu próprio corpo em ambientes estranhos questionando o inusitado dentro do espaço cotidiano. Já Graciela Kruciski trabalhou com sua própria imagem e com montagem em laboratório de negativos, colocando a si mesma lado a lado para questionar sua própria biografia. Letícia Weiduschadt, no entanto, procura pontuar o corpo em tensão dentro da fotografia. As imagens procuram levar o olhar a novas formas de ver a corporeidade e suas fragmentações. Por fim, a estudante Noara Quintana fez a série Janela, que visualiza cores e novos enquadramentos da cidade. A exposição fica em cartaz durante um mês.
(DC, 12/08/2009)