06 jul Transporte: Sim, você vai pagar a conta
Os usuários do transporte coletivo pagarão R$ 0,10 a mais na tarifa a partir de amanhã. A conta da greve dos motoristas e cobradores da Grande Florianópolis, encerrada na madrugada de ontem após 68 horas de paralisação, será de cifras muito maiores para a cidade.
Na ponta do lápis, R$ 6,6 milhões até o final deste ano.
O Diário Catarinense chegou a essa quantia somando o valor correspondente à diferença entre o novo e o antigo preço das passagens com os valores que a prefeitura alega que irá gastar para atender a todas as reivindicações dos trabalhadores.
A cifra representa quanto os cerca de 5 milhões de passageiros e a prefeitura pagarão até o fim do ano. Dinheiro que poderia ter outro destino, como investimentos em áreas da saúde, educação e infraestrutura.
A reportagem apurou que os R$ 6,6 milhões poderiam representar a construção de seis novos postos de saúde, seis escolas com 10 salas de aula e seis quilômetros de asfaltado.
– Vamos ter de remanejar recursos de outras áreas, como educação, saúde, infraestrutura e lazer. Só com o subsídio que pagamos em um ano poderíamos construir o Trevo da Seta (Sul da Ilha) – declarou o vice-prefeito e secretário dos Transportes, João Batista Nunes.
Subsídio da prefeitura aumenta em R$ 200 mil
Segundo ele, o subsídio passará de R$ 550 mil para R$ 750 mil ao mês. A prefeitura comprometeu-se a pagar, ainda, metade do aumento salarial dos trabalhadores retroativamente a maio. Em cifras, o equivalente a R$ 600 mil – a outra metade ficará para as empresas.
A ameaça de intervenção pelo prefeito Dário Berger (PMDB), na noite de quinta-feira, foi decisiva para as empresas de transporte, os trabalhadores e a prefeitura se entenderem.
Não antes de muita discussão e negociação, que se estenderam até por volta das 4h de ontem. Por trás desse resultado virá agora o que a população mais temia em tempos de crise: ter de desembolsar ainda mais num sistema de ônibus considerado problemático em relação a linhas, lotação e a horários.
Correção foi o dobro da inflação
A consequência do aumento da tarifa com a greve é outro dado que chama a atenção. Afinal, este foi o segundo reajuste aplicado no valor da passagem desde o início do ano.
Totalizando o índice aplicado em janeiro e o de agora, os dois acréscimos na tarifa alcançam 12% em 2009.
O índice é mais que o dobro da inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2008 em alta de 5,9%.
O acordo que garantiu a retomada do serviço representará aos trabalhadores aumento de 7% no salário. O vale-alimentação será de R$ 310 retroativos ao mês de maio.
(Diogo Vargas, DC, 04/07/2009)