Tempo de preservar a memória

Tempo de preservar a memória

Da coluna de Cacau Menezes (DC, 14/07/2009)

É inverno, e o frio parece levar manezinhos e adotados às reflexões que, no verão, são proteladas pela invasão de turistas, pelo calor, pelas praias e por todas as visitas que pintam de janeiro a março. Entre as reflexões, claro, entra a cidade ideal que cada um quer, e que é muito diferente, não só de família para família, mas de pessoa para pessoa.

Leitor lembra da grande cisão que modifica socialmente a Ilha. Antes, a imagem era o barco de pesca, a renda de bilro, pé na areia, prancha na água, boi de mamão, do pôr do sol em Santo Antônio de Lisboa, de lua cheia na Lagoa e a natureza sem fim. Isso trouxe muita gente para viver aqui.

A imagem muda rapidamente. O povo também lembra, agora, da nova Floripa, a das Ferraris e do Veuve Clicquot, do dinheiro, do alto padrão (e também qualidade) de vida. Imagino que ninguém esquece ou vai esquecer essa Florianópolis tradicional, até porque ela não vai desaparecer. Só desaparece se o povo resolver sumir com ela, ou com a memória. E é aí que se mostra tão importante a atuação de universidades, de centros de memória e de órgãos como a Fundação Franklin Cascaes, que está completando 22 anos.

Quem quer se engajar nessa luta pode comparecer hoje, às 19h, ao diálogo sobre a importância dos festejos regionais na memória afetiva do município. Será na Casa da Memória, e contará com a leitura do texto A Romaria da Trindade (1887), de Cruz e Sousa, e do artigo É Tempo da Divina Festa do Divino, da professora Lélia Pereira Nunes.