01 jul Presidente da Associação dos Moradores diz que mudança da Vila do Arvoredo é inevitável
A comunidade da Vila do Arvoredo está decidida a se mudar para o terreno cedido pela Casan, localizado na entrada de Ingleses, garante a presidente da Associação dos Moradores da vila, Glauceli Carvalho Ramos Branco, a “Galega”, independentemente da polêmica junto a moradores da região. “Não tem outra possibilidade e nem queremos outra, queremos este terreno ali, isto não tem mais o que discutir”, afirma a presidente da associação de moradores.
Segundo o diretor legislativo da Câmara Municipal de Florianópolis. Paulo Roberto Freitas Júnior, o projeto que está tramitando na câmara vai alterar o zoneamento daquela área para que a comunidade possa morar futuramente lá. A proposta está na Comissão de Viação e ainda vai passar pela Ambiental, numa tramitação que deve levar em torno de três meses até a votação em plenário. A área é uma ASE (Área de Esgoto e Energia) e tem que ser alterada para uma ARPO (é o equivalente a uma ZEIS, Zona de Interesse Social) para poder receber construções.
“Estivemos lá e constatamos que é muito bom ali, já existem casas ali e não sei o porquê das pessoas que moram em torno não quererem”, alega Glauceli. Ela explica que o projeto vai beneficiar a toda a comunidade de Ingleses. “Vamos ter toda a infra-estrutura, incluindo creche, área de lazer e uma parte da área vai ser transformada em área de preservação. O representante da Floram deixou muito claro que ali não é o rio e sim uma vala que a própria comunidade abriu para escoar a água do morro, acho que a comunidade de Capivari só tem a ganhar com a remoção da comunidade para lá”, defende Glauceli. “Tem alguns moradores de lá que são contra, respeitamos a opinião deles, mas também espero que eles tentem entender que já convivemos junto”, defende.
“Galega” conta que, com a mudança aprovada, a rapidez de transferência das famílias dependerá delas serem enquadradas no Projeto Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que prevê financiamento para construção de mais de um milhão de moradias para famílias na faixa de renda até seis salários mínimos mensais. “Se entrarmos no projeto, vai ser muito mais rápido, mas ainda estamos estudando se haverá possibilidade”, diz a presidente da associação de moradores. O projeto de mudança para o terreno vai ser executado para 164 famílias. A prefeitura planeja colocar a comunidade em um terreno de 33 mil metros que fica no banhado ao lado da estação de tratamento da Casan, sendo que 27 mil metros serão da comunidade e o restante da Casan.
O representante titular de Ingleses no Plano Diretor Participativo, Paulo Henrique Spinelli, insiste, no entanto, que a mudança não é adequada. “Não sou contra a comunidade, mas contra o lugar para onde ela será transferida, essa é uma posição coletiva, do que foi acordado em reuniões com todas as instituições dos Ingleses”, afirma Spinelli. “Quando iniciaram as negociações o acordo era fazer a mudança da comunidade em etapas e para lugares adequados e aquele local é um banhado”, alega. Na avaliação dele, a aceitação da comunidade é um ato de desespero. “A prefeitura não deixou muita alternativa”, critica. Segundo ele, um estudo de impactos ambientais deve ser feito no terreno antes de iniciar a obra.
(Alexandre Winck, Jornal Folha do Norte da Ilha, 29/06/2009)