08 jul Nasce a Filarmonia Santa Catarina
Criação de uma nova orquestra divide as opiniões no Conselho Estadual de Cultura
O contrabaixista e maestro Gustavo Lange Fontes, nascido em Florianópolis, persegue dois sonhos: o primeiro deles é ser um músico de alto nível. O segundo, tocar em sua cidade natal, de onde saiu apenas para estudar junto àqueles que considera os maiores mestres da música.
Para concretizar esses sonhos, ele trabalha todos os dias em exautivos ensaios na recém-criada Filarmonia Santa Catarina que deve estrear no Circuito Catarinense de Orquestras, evento organizado pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) que prevê a realização de uma série de concertos pelas principais cidades catarinenses.
A Filarmonia Santa Catarina começa com 18 instrumentistas em sua composição e será mantida com verbas públicas das leis de incentivo à cultura do governo do Estado (Funcultural), do governo federal (Lei Rouanet) e patrocínio de empresas privadas. O maestro conta que inicia as atividades com um grupo pequeno para garantir a qualidade.
Ele comenta que teve total apoio dos músicos, fato reforçado pela participação de 60 instrumentistas no processo de seleção do grupo.
– Não é questão de falta de humildade, mas tenho uma formação diferenciada, que inclui oito anos na Alemanha. É óbvio que, para os músicos, ter acesso a este conhecimento é muito interessante.
Secretário diz que não há recursos
Para garantir o funcionamento da orquestra, Gustavo encaminhou projeto ao Funcultural no valor de R$ 1,8 milhão. A proposta foi aprovada no Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao Turismo e ao Esporte (Seitec) e levada ao Conselho Estadual de Cultura. Mas, na última sexta-feira, o projeto da Filarmonia sofreu um revés. Durante a votação para a concessão ou não da verba, o presidente Péricles Prade pediu vista ao processo.
– Há no Conselho uma discussão sobre o mérito. Como, na votação de sexta-feira, os dois primeiros votos foram contrários, eu, como presidente, pedi vista ao processo e, agora, vou solicitar mais informações – explica.
Péricles diz que há duas correntes de pensamento no CEC. Uma delas defende a criação da nova orquestra por atender uma determinação do governador. Em vez de uma orquestra pública, Luiz Henrique entende que apoiar as instituições privadas seria menos oneroso ao Estado e permitiria o maior acesso da população à música clássica. Mas há, também, quem não queira aprovar a nova orquestra por questões de caixa, uma vez que o recursos do Funcultural já estariam comprometidos com outros segmentos da cultura.
A iniciativa de Gustavo Fontes foi saudada pelo secretário Gilmar Knaesel, da SOL. Porém, ele enfatiza que não há recursos para financiar a nova orquestra.
– O apoio às orquestras privadas é uma decisão política. Mas é importante destacar que não temos recursos para manter todas as iniciativas. É importante que a nova orquestra busque parcerias para viabilizar sua manutenção. Não temos R$ 1,8 milhão para este projeto – diz Knaesel ao informar que, neste ano, o Funcultural vai repassar R$ 2,5 milhões para as 11 instituições que participam do Circuito de Orquestras.
(DC, 08/07/2009)