Parques: Verdes e perigosos

Parques: Verdes e perigosos

O ar puro e os animais, como galinhas que se escondem em meio às trilhas do Bosque Pedro Medeiros, no Bairro Estreito, encantam a pequena Luiza Becker, dois anos. Ela aproveita os dias de sol para se divertir no balanço, seu brinquedo favorito. Apesar da aparente tranquilidade, entretanto, é o cercado que garante a segurança dos frequentadores.
Para Lucas Paes, sete anos, o grande atrativo é o espaço, que não encontra no apartamento onde mora com os pais. A mãe Karina Gesser, reforça a importância de lugares assim para o filho se divertir, mas não descuida da segurança do pequeno.
– Nas praças vimos muitos usuários de drogas e parquinhos quebrados. Infelizmente precisamos estar “trancados” para nos sentirmos seguros – lamentou o pai Jean Paes.
Assim como no Bosque Pedro Medeiros, a sensação de insegurança é um dos problemas sentidos pelo moradores da Capital na hora de desfrutar dos espaços externos da cidade.
Atualmente, os 20 parques – oito urbanos, oito municipais, dois estaduais e dois federais – ocupam 17,4% do território da cidade, pouco mais de 7,5 mil hectares. Na comparação com a maior cidade do Estado, a Capital é bem servida. Joinville tem apenas quatro parques ambientais.
O problema, contudo, segundo os moradores, é que os espaços disponíveis nem sempre podem ser desfrutados pela população, que tem medo.
No aterro da Via Expressa Sul, na parte insular da Capital, Mayla Cristina Souza, 20 anos, moradora do José Mendes, caminha todas as manhãs. Ela afirma que convive com cachorros abandonados e mato alto em várias épocas do ano:
– Dependendo do horário que venho caminhar, fico até preocupada.
Segundo ela, o início da manhã e o fim da tarde têm mais movimento. Antes e depois desses períodos, as áreas destinadas à caminhada ficam desertas, isoladas. Para a jovem, um parque valorizaria o terreno.
Já existe um projeto para transformar as áreas de aterro da Via Expressa Sul, nos bairros Saco dos Limões e Costeira do Pirajubaé, em um parque urbano. Um projeto de lei já está na Câmara de Vereadores para que o local seja aproveitado para a instalação de equipamentos de usos social, esportivo, cultural e de apoio a essas atividades.
Cidade tem 101 praças e largos
Segundo o vereador João Amin, autor do projeto, a área de 130 hectares (o equivalente a 130 campos de futebol) é circundada por aproximadamente 60 mil moradores. Estas pessoas seriam as maiores beneficiadas pela construção de espaços como museus, uma concha acústica, uma biblioteca, um anfiteatro, comércios e monumentos, abrindo oportunidade para visitação e turismo.
Desde que o aterro foi construído, a rotina de Alcidir Costa, 63 anos, inclui uma caminhada. Ele confirma que fora os horários de pico (das 7h às 9h30min e das 17h às 19h30min, aproximadamente) os espaços de caminhada têm um número reduzido de pessoas:
– Sentimos falta de segurança. Constantemente, pessoas abordam senhoras na rota de seu exercício. Motociclistas andam nas faixas dos ciclistas e nos perguntamos quem eles são e o que querem.
Ele também cita que danos materiais, como furtos de corrimões e materiais da passarela, são comuns na Via Expressa Sul. Costa acredita que falta uma ronda mais constante da Polícia Militar (PM) ou da Guarda Municipal nas redondezas.
O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar em Florianópolis, tenente-coronel Newton Ramlow, afirmou que os parques da cidade estão bem vigiados pela Guarda Municipal e que há rondas permanentes de dia e à noite. Para o coronel, não há motivos para preocupação com a segurança nesses locais.
Além dos parques, as praças e largos são outra opção de lazer nem sempre aproveitados de forma plena pela população. Segundo a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), Florianópolis tem 101 praças e largos. Só na região central e redondezas são 66.
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Projeto paisagístico
Enquanto o aterro não é transformado em parque urbano, um projeto paisagístico é implantado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), incluindo:
> Árvores e flores nativas da região
> Maciços arbustivos ao longo da via de automóveis, entremeados a árvores e palmeiras
> Nos caminhos de pedestres e de ciclistas, a intenção é preservar áreas de mangue, implantar pequenos lagos nas partes alagadas e colocar passarelas de madeira em direção ao mar, como mirantes
> Flores anuais serão usadas nas áreas de maior interesse paisagístico, nos locais destinados a pedestres, nas proximidades de semáforos e estacionamentos
Os parque (em hectares)
Municipais
Lagoa do Peri: 2.030
Lagoinha do Leste: 789,25
Maciço da Costeira: 1.456
Dunas da Lagoa da Conceição: 563
Manguezal do Itacorubi: 150
Morro da Cruz: 150
Ponta do Sambaqui: 1,37
Galheta: –
Urbanos
Francisco Dias Velho: 14,1
Chico Mendes: 1,61
Walter Lang: 2,57
Parque Ecológico Córrego Grande: 21
Parque da Luz: 3,74
Pedro Medeiros: –
Parque da Pedreira: –
Parque de Coqueiros: –
Estaduais
Parque Estadual da Serra do Tabuleiro: 360
Parque Estadual do Rio Vermelho: 1.297
Federais
Reserva Biológica Marinha do Arvoredo: –
Estação Ecológica de Carijós: 699,47
(DC, 23/06/2009)