12 jun Memória da infância do violinista
Solista do espetáculo de hoje à noite escuta Beethoven desde os nove anos
Quando tinha nove anos, o violinista Cármelo de los Santos estava em Buenos Aires com os pais quando fez sua primeira compra: uma fita K-7 onde estava gravado o Concerto para Violino e Orquestra de Beethoven. Hoje, ele é o solista do espetáculo que a Camerata Florianópolis, apresenta no Teatro Governador Pedro Ivo, em Florianópolis.
No programa estão a Missa da Coroação de Mozart e o Concerto para Violino e Orquestra de Beethoven, a peça que ele mais admira e que só há três anos se sentiu musicalmente maduro para executar a composição.
– Esta obra é muito especial para mim porque desperta a memória de minha infância. Lembro que quase furei a fita de tanto que ouvi – conta Cármelo que começou a tocar aos quatro anos.
O espetáculo, que tem a participação especial do Polyphonia Khoros, conta com os solistas Claudia Ondrusek (soprano), Masami Ganev (mezzo-soprano), Fernando De Carli (tenor) e Javier Venegas (barítono) sob a regência da maestrina Mércia Mafra Ferreira e do maestro Jeferson Della Rocca.
Este é o primeiro da série de quatro concertos que Cármelo fará pelo Brasil. Nascido em Porto Alegre (RS), e oriundo de uma família de musicistas, vive nos Estados Unidos há 12 anos, onde desenvolve sua arte e é considerado pela crítica um dos mais talentosos violinistas da atualidade.
A noite de hoje começa com A Missa em Dó Maior “da Coroação”, de Wolfgang Amadeus Mozart, que foi composta em março de 1779. A origem e o sentido do título não são claros. A hipótese mais aceita é a de que ela faria alusão a uma imagem da virgem conservada num santuário nas redondezas de Salzburg, na Áustria, a Maria am Plaine. Sua coroação aconteceu em 1751 e era comemorada a cada ano com pompa. Tal como uma grande parte da música religiosa de Mozart, esta missa é teatral no sentido em que é a “representação”, como escreveu Hocquard, das relações do homem com Deus, de preferência a uma oração individual, a expressão de uma fé egocêntrica.
O Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior, Op. 61, de Ludwig van Beethoven, foi composto e executado pela primeira vez em 1806, num período relativamente feliz da vida de Beethoven, apesar do insucesso de sua ópera Fidélio. Registros dão conta de que Beethoven teria assumido ainda que em segredo um compromisso com Therese von Brunswick, fato que teria influenciado diretamente as composições datadas deste ano. O concerto transpira alegria serena e uma nobreza tranquila. Apesar de sua clareza e da sedução dos seus temas, esta obra custou a se impor em meio aos profissionais. Inspirado pelo colega Muzio Clementi, Beethoven reescreveu seu opus 61 em 1807, acrescentando duas cadenzas altamente virtuosísticas.
O evento conta com o apoio do Funcultural – Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte e governo do Estado de Santa Catarina.
(DC, 12/06/2009)