18 maio WTTC: Sem prazo para melhorar
Martin Feldstein, professor de economia da universidade americana de Harvard, defende que ainda não dá para dizer que o pior da crise financeira internacional já passou. A recuperação para ele, principalmente nos EUA, será uma questão de anos.
Mas ao palestrar para o público do WTTC no último dia do evento, Feldstein reconheceu a importância do turismo neste cenário de retomada e apontou fatores que devem marcar o setor nos próximos anos.
Conselheiro econômico de organizações empresariais e governamentais dos EUA, Feldstein cobra novos investimentos em infraestrutura e segurança, mas aponta o turismo como parte vital de todas as economias.
– Viajar é muito mais do que negócios. É uma recompensa que damos a nós mesmos. E cada vez mais pessoas podem fazer isso – apontou.
Mas hoje, diante do cenário de crise, ele destacou que o efeito em cadeia que a crise iniciada nos EUA levou para o mercado global representa um declínio também no turismo. E ele não vê sinais de efeitos permanentes no pacote de socorro oferecido pelo governo Obama. Para Feldstein, os reflexos do pacote americano concentram-se no curto prazo.
– Mas quando tivermos saído da crise, o turismo viverá um novo ambiente, que terá características positivas e negativas – explicou.
Previsão otimista para os brasileiros
Para a próxima década, ele diz que a retomada gradativa da renda é essencial para impulsionar o turismo tanto de negócios como de lazer.
– E a renda e o consumo crescerão mais devagar nos países industrializados, como os EUA – indicou, lembrando que outras partes do mundo têm oportunidade de se desacoplar deste cenário de desânimo.
Feldstein admitiu que na Europa e no Japão a situação é bastante ruim, mas lembrou que a China já mostra recuperação e argumentou que regiões como a África do Sul e a América Latina têm motivos para manter o otimismo. Embora não tenha feito estudos específicos para o Brasil, o país foi colocado neste último grupo.
– O Brasil tem um grande futuro e o turismo faz parte disso. Criamos muitos problemas não só nos EUA, mas globalmente. E vamos levar anos para voltar aos níveis anteriores. Mas isso não quer dizer que todos têm que ficar para trás.
Quem é Martin Feldstein
– Professor de economia da Universidade de Harvard
– Conselheiro-chefe do departamento de economia do presidente Reagan, entre 1982 e 1984
– Presidente da Associação Americana de Economia em 2004. Em 1977, foi homenageado com a medalha John Bates Clark, oferecida pela associação a cada dois anos para o economista com mesmo de 40 anos que tenha feito significativa contribuição para a ciência econômica
– Conselheiro econômico de organizações empresariais e governamentais dos Estados Unidos
– Autor de mais de 300 artigos de pesquisas econômicas e colaborador frequente do Wall Street Journal
Fatores a serem considerados no cenário pós-crise
CONTRA
> Hoje, os orçamentos familiares dos americanos estão mais apertados, logo, o consumo ainda permanece em queda a curto prazo.
> O mercado dos EUA e da Europa ainda demorará para recuperar a oferta de crédito.
> O desenvolvimento de novas tecnologias pode pesar contra o turismo, principalmente o de negócios. A possibilidade de videoconferências e outras formas de comunicação pode substituir a presença real de convidados.
> Os países em desenvolvimento ainda precisam investir muito em infraestrutura, uma demanda deixada ao cargo da iniciativa privada.
> Os governos precisam investir mais em segurança, com reações rápidas e relatos honestos em casos de problemas como o da Gripe A. É preciso reforçar ainda o combate ao terrorismo, incluindo o cibernético, que ameaça sistemas de controle nacionais.
A FAVOR
> A recuperação gradativa da renda será um propulsor para o turismo a médio prazo, em especial para o turismo de negócios e o turismo de luxo.
> Investimentos em educação motivam as novas gerações a viajarem mais.
> O aumento da longevidade saudável fortalece uma nova demanda para o turismo mundial.
> O custo das viagens de longa distância deve reduzir, caso tenha continuidade a queda do preço do petróleo.
> O câmbio tem dois efeitos no turismo mundial. Embora o dólar baixo faça o americano viajar menos para o exterior, deve aumentar a visita de estrangeiros aos Estados Unidos. Nos próximos anos, asiáticos e europeus devem viajar mais que os americanos.
E o Brasil também apresenta perspectivas positivas para o futuro do turismo.
Fonte: Martin Feldstein, professor de economia da universidade de Harward
(Alexandre Lenzi, DC, 18/05/2009)