18 maio WTTC: Muitas pedras no caminho
O potencial turístico brasileiro foi bastante repetido durante o 9º Congresso do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC). Mas partiu do Fórum Econômico Mundial a avaliação mais incisiva dos planos acalentados pelo país de se tornar um destino internacional de peso.
O Brasil é o pior dos emergentes na priorização do turismo como atividade econômica, o último dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) na qualidade de infraestrutura de transportes e o 91º lugar entre 133 países na competitividade dos preços praticados pelo setor.
O último dia do congresso não começou bem para o Brasil. No tradicional café da manhã que promove no WTTC, o Fórum avaliou o desenvolvimento do turismo do país com base no Relatório de Competitividade em Viagem e Turismo 2009, divulgado em março. Apresentado pela diretora da Indústria de Aviação, Viagem e Turismo do Fórum, Thea Chiesa, o estudo aponta muitas falhas no Brasil, principalmente na área de segurança pública e infraestrutura aeroportuária e rodoviária.
– O transporte aéreo do Brasil é insuficiente para atender uma demanda crescente de turismo. A qualidade das rodovias também é a pior dentre os países emergentes. O setor precisa de investimentos urgentes – ressaltou Ivan de Souza, presidente do Booz&Co na América do Sul, empresa parceira na realização do estudo.
O relatório mostra ainda que os preços do turismo no Brasil não são competitivos e estão na média dos praticados em destinos como Espanha, Estados Unidos e Portugal, e que é preciso forçar uma reaproximação com a realidade do país. Conforme Souza, o nível do turismo receptivo também foi considerado muito baixo.
– Apesar dos desafios que o país tem pela frente nas questões logísticas e de segurança pública, existem muitas oportunidades e a Copa do Mundo de 2014 pode ser um fator catalisador de investimentos em infraestrutura para resolver os principais problemas nos próximos anos. E isso se faz necessário porque o crescimento do turismo no Brasil vai se dar mais rapidamente do que em toda a América Latina.
Governo lança pacote de US$ 10 bilhões
Chamado para apresentar as soluções previstas pelo governo federal, o secretário executivo do Ministério do Turismo, Mário Augusto Lopes Moysés, destacou que o real valor do estudo é que, além de mostrar as fraquezas do país, também ressalta as oportunidades de investimento.
– Do ponto de vista do governo, estamos buscando facilitar os investimentos através do Conselho Nacional de Turismo, que nos permite uma relação mais próxima com o setor privado. Mas temos um dado positivo que é o mercado interno de turismo, hoje responsável por 85% da movimentação no setor. O mercado doméstico garantiu, mesmo num ano de crise, crescimento significativo na última temporada de verão.
Moysés destacou que os governos de SP e RJ estão trabalhando duro para reverter os números negativos da segurança pública. E antecipou que o governo federal vai lançar um pacote de US$ 10 bilhões para desenvolver o transporte público.
– Este número pode ser ainda maior porque o programa prevê a implantação de um trem de alta velocidade. Nas próximas semanas, teremos o valor certo – destacou.
Moysés ainda garantiu que o governo trabalha para reduzir taxas e impostos que incidem sobre a atividade turística, entre eles a redução de custos dos vistos para se entrar no país, hoje em US$ 100.
(Simone Kafruni, DC, 18/05/2009)