21 maio Um alívio para os passageiros
Alexsandra dos Santos Costa estava mais aliviada. Por volta das 18h30min, era a passageira número um da fila na linha da Caeira-Saco dos Limões. O dia havia sido puxado, e a auxiliar de serviços gerais não via a hora de sentar no ônibus que a levaria para a casa. Para não faltar ao serviço, no Terminal Rita Maria, tinha caminhado 25 quilômetros. Quando os pés cansados pisaram o piso do ônibus, Alexsandra nem precisou se apressar. O coletivo da linha 763 partiria praticamente vazio.
Foi assim com alguns dos ônibus que depois da greve foram deslocados para o terminal do Centro.
– Pelo menos desta vez a gente foi avisada antes que teria greve. Seria bom também se eles – os motoristas e cobradores – pedissem melhorias para a gente, que, muitas vezes, já sai daqui espremido – sugeriu Alexsandra.
Oficialmente, o sindicato dos trabalhadores declarou que “com o fim da grave, toda a frota voltaria para a rua”. Mas talvez nem fosse preciso. Avisada sobre o segundo dia de greve, a população havia se precavido: muita gente usou carro particular, outro tanto aderiu à carona ou mesmo ao transporte alternativo em vans e micro-ônibus. Além disso, a rede estadual de ensino público deixou de receber 30 mil estudantes.
– Nem parece quarta-feira. Volta aqui amanhã neste horário – 19h10min – e verás o movimento desta linha – sugeriu Rachel Abigail, que usa a linha Jardim Atlântico, e que se valeu da carona de um colega para não faltar ao banco onde trabalha.
O publicitário autônomo Humberto Climoco, morador no Bairro Itacorubi, foi para o Centro a pé:
– A falta de vaga para estacionar no Centro obriga a gente a andar mais de ônibus. Cobrar um R$ 1 a hora é absurdo – observou Climoco.
Para a universitária Rose Martins Pacheco, as greves constantes mostram que existe um “desmando na cidade, onde prefeitura, empresários e trabalhadores pensam apenas nos ganhos pessoais”:
– Quem vai pagar pelo prejuízo no comércio? As escolas vão repor as aulas como deve ser ou os professores vão apenas entregar um trabalho para os alunos? – questionava Rose.
Uma prova de que o trânsito estava normal após o encerramento da greve se via na Ponte Colombo Salles, que leva da Ilha ao Continente: muitos veículos particulares ocupavam a faixa destinada aos ônibus. Isso será praticamente impossível hoje, quando a cidade volta ao ritmo normal.
(DC, 21/05/2009)