Evento discute relação da produção orgânica com saúde e qualidade de vida

Evento discute relação da produção orgânica com saúde e qualidade de vida

Esclarecer os consumidores e o mercado sobre as características e vantagens dos produtos orgânicos é o objetivo da V Semana Nacional do Alimento Orgânico, que será realizada de 25 a 31 de maio em Santa Catarina. Toda a programação da manhã de segunda-feira, dia da abertura, será desenvolvida no auditório da Reitoria da UFSC, a partir das 8h. Três mesas-redondas com a participação de produtores e especialistas vão discutir a produção de orgânicos, seus benefícios para a saúde e o meio ambiente e os aspectos econômicos e sociais relacionados à atividade em Santa Catarina e no Brasil. Até o dia 7 de junho, em diferentes regiões do Estado, haverá exposições de produtos, distribuição de cartilhas, promoções em supermercados e encontros envolvendo ONGs, produtores, entidades comerciais, certificadores e supermercadistas que revendem alimentos orgânicos.
De acordo com Eduardo A. R. Amaral, da superintendência do Ministério da Agricultura em Santa Catarina, o evento tem entre as metas o desenvolvimento do mercado para os produtos orgânicos, a conscientização sobre o consumo responsável e o esclarecimento acerca das diferenças do cultivo orgânico em relação aos modelos transgênico e hidropônico. “Estamos envolvendo supermercados, imprensa e escolas, onde serão distribuídas cartilhas informativas, para obter os melhores resultados possíveis”, diz ele. Quatro ministérios, o Sebrae e as ONGs Planeta Orgânico e WWF também participam, e uma exposição de produtos orgânicos mostrará ao público as peculiaridades desse tipo de atividade.
A mesa-redonda “Produzindo orgânicos”, às 9h de segunda-feira, 25, terá as participações de dois agricultores (Glaico Sell, de Paulo Lopes, e Afonso Kloppel, de Ituporanga) e de um representante da Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agrego), Adilson Lunardi. Às 10h10, a mesa-redonda “Orgânicos: saúde e qualidade de vida” contará com as presenças da engenheira agrônoma Helena Hofmann, da Secretaria de Estado da Saúde, e da nutricionista Elaine de Azevedo. A última etapa da programação debaterá o tema “Orgânicos e economia solidária”, tendo à mesa o professor Armando Lisboa, da UFSC, e o agrônomo Antônio Soares, da Cooperativa de Produtores e Consumidores de Araranguá (Aracooper).
A programação da manhã prevê ainda o lançamento dos livros “Agroecologia: a semente da sustentabilidade” e “Cultive uma horta e um pomar orgânicos: sementes e mudas para preservar a biodiversidade”. Segundo o economista Paulo Zoldan, da Epagri, uma das organizadoras da Semana, o consumo de produtos orgânicos ainda é pequeno no Brasil, mas vem crescendo entre 15% e 20% ao ano. Ele atribui à valorização crescente da saúde e à preocupação com as questões ambientais esse aumento da demanda por alimentos sem agrotóxicos e com manejo sustentável.
Dados do setor – Pela legislação brasileira, produto orgânico é aquele obtido sem o uso de agrotóxicos, antibióticos, hormônios e demais insumos químicos, respeitando o meio ambiente e priorizando o bem-estar social e das pessoas, além de minimizar a dependência de fontes não-renováveis de energia, como os derivados de petróleo. A agricultura orgânica é praticada em 120 países, representando 31 milhões de hectares de áreas agrícolas e de pastoreio certificadas e 62 milhões de hectares de áreas extrativas. Em 2006, essa cadeia produtiva movimentou US$ 40 bilhões em todo o mundo. Na Áustria e na Suíça, de 10% a 12% do alimentos consumidos já têm como base a produção orgânica.
No Brasil, a produção orgânica/agroecológica cresce em torno de 30% ao ano e movimentou US$ 700 milhões na safra 2006/2007. São 900 mil hectares utilizados no cultivo de produtos sem aditivos químicos. Em Santa Catarina, já existem 1.800 famílias vivendo dessa atividade (usando uma área de 10 mil hectares) e 60 entidades que agregam os produtores do segmento. Há feiras e pontos de venda de produtos orgânicos em Florianópolis, Blumenau, Lages, Tubarão, Chapecó, Videira, Caçador e Campos Novos. O Estado já é o terceiro produtor nacional, comercializando 60 mil toneladas de produtos livres de agrotóxicos por ano. E 130 escolas, onde estudam 95 mil crianças, servem alimentação orgânica pelo menos duas vezes por semana.
A produção orgânica evoluiu substancialmente nos últimos anos e hoje se submete e rigorosos critérios de qualidade, tanto que entidades certificadoras estarão presentes na Semana que começa nesta segunda-feira. Além de legumes e hortaliças, o conceito do orgânico chegou, por exemplo, ao cultivo do algodão e ao manejo do pinhão. No primeiro caso, já há demanda por roupas de fibras orgânicas, demonstrando um cuidado crescente com o meio ambiente. No segundo, o controle se dá pela preservação da área explorada. E há a presença de matéria-prima orgânica também em cosméticos, produtos fitoterápicos e nos mercados de grãos e de frutas. No bairro do Campeche, em Florianópolis, existe uma padaria que utiliza apenas farinha produzida a partir do processo orgânico de plantio do trigo.
Mais informações com o economista Paulo Zoldan, da Epagri, fones (48) 3239-3940 e 9616-0447 e e-mail zoldan@epagri.sc.gov.br; com engenheiro agrônomo Paulo Sergio Tagliari, também da Epagri, pelo fone 3239-3940 e e-mail ptagliari@epagri.sc.gov.br; e com Eduardo Amaral, do Ministério da Agricultura, pelo fone 3261-9967 e e-mail eduardo.amaral@agricultura.gov.br.
(Paulo Clóvis Schmitz, Agecom, 22/05/2009)

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