Bandeirante do turismo

Bandeirante do turismo

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 15/05/2009)

A visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a Santa Catarina teve três momentos distintos: a reunião com os membros do Conselho Mundial de Viagem e Turismo, presentes as principais autoridades estaduais e os parlamentares do PT e do PMDB; o discurso oficial na abertura do encontro do WTTC; e a entrevista coletiva à imprensa nacional e estrangeira.

Em todos eles falou com consciência e convicção sobre o valor econômico da atividade turística, o potencial que o setor tem para dinamizar a economia e a necessidade de investimentos em infraestrutura para que as pessoas possam viajar mais. Dentro do Brasil e conhecendo novas civilizações lá fora. Deu ênfase – e este é um fato relevante, porque novo para o maior líder de um partido como o PT, que sequer admitia falar de turismo – ao fator cultural como elemento essencial para movimentar o setor turístico em todo o Brasil.

Na audiência que concedeu aos membros do WTTC, Lula foi mais enfático ao valorizar os aspectos positivos do turismo e ao fazer uma avaliação crítica sobre os fatores que impedem maior desenvolvimento do setor. Se tivesse repetido o conteúdo daquela manifestação em encontro fechado no pronunciamento que fez na abertura, certamente a repercussão teria sido muito maior.

Na conversa com os conselheiros do WTTC, o presidente falou com o maior entusiasmo sobre “os ingredientes para fazer o turismo crescer”. Sustentou que é preciso que existam belezas naturais e considerou indispensável uma boa infraestrutura para dar mobilidade e conforto às pessoas que desejam conhecer novas culturas. Destacou o papel que o transporte exerce numa política séria. E completou com o “bom atendimento”, que se caracteriza por serviços de qualidade.

Transmitiu, depois, com lucidez, os fatores que estão impedindo maior crescimento da atividade no Brasil: o excesso de exigências na autorização de novos empreendimentos; e a rigidez da fiscalização, que acaba neutralizando a execução de bons projetos. Disse que é preciso mudar determinadas regras e defendeu um denominador comum para promover o turismo nacional.

Liderança

Sua fala empolgou tanto os conselheiros do WTTC que Lula foi convidado a empunhar a bandeira do turismo mundial, assumindo a liderança de uma reunião com os presidentes de outros países visando a uma nova cooperação.

No discurso de abertura, voltou a destacar outros pontos, que repercutiram positivamente entre os catarinenses ali presentes: o turismo como fator de inclusão social, a obrigação que têm todos os governos de preservar o patrimônio histórico e as facilidades que precisam ser criadas para a locomoção. Lançou a proposta de uma parceria com os governos estaduais para incentivar a volta do transporte aéreo regional, que já foi muito melhor no Brasil.

Para quem conheceu o metalúrgico e seus liderados do PT, opondo-se a tudo o que se relacionava com o turismo – fato reconhecido como equivocado pelo próprio Lula –, e hoje vê um presidente da República entusiasmado com o turismo, revelando uma consciência muito clara sobre o valor econômico-social da atividade, é um progresso fantástico.

Se a reunião do WTTC contribuir para mudar a cultura do atraso, a falta de visão sobre esta vital atividade para a geração de emprego e quebrar as resistências ideológicas que ainda persistem, terá cumprido seu papel e virado uma página na história de Florianópolis e de Santa Catarina. Antes mesmo de começarem os debates.

(DC, 15/05/2009)