24 mar Droga vendida livremente no Norte da Ilha
Gangues disputam usuários na região central da Praia de Canasvieiras
O tráfico de drogas em Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina, acontece livremente. Enquanto turistas e moradores passeiam por uma das praias mais movimentadas da Capital, traficantes vendem cocaína nas esquinas da região central. O comércio, aberto até as 2h, atrai as pessoas. Com a grande circulação nas calçadas, fica camuflada a movimentação dos bandidos.
Para mostrar essa situação, durante cinco noites, a equipe da RBS TV, utilizando uma microcâmera, conversou e comprou R$ 200 de droga de diversos traficantes, que atuam, tranquilamente, a menos de cem metros de um posto da Polícia Militar. Eles chegam a levar os compradores até as ruas de acesso à praia para que façam o consumo. Em terrenos baldios, viciados fumam crack e cheiram cocaína.
Não houve uma única abordagem da equipe que não resultasse em contato com traficante. Todos tinham droga para vender ou sabiam onde consegui-la. O esquema é protegido por jovens que trabalham como “olheiros”.
De bicicleta ou à pé, eles andam pelos quarteirões vigiando quem se aproxima.
O balneário, um dos preferidos dos argentinos, esconde uma espécie de feira do tráfico, disputada por grupos rivais. Questionado se tinha droga, um dos traficantes se mostrou preocupado com as gangues:
– Só não fica mostrando muito. Eu não posso fazer o corre aqui. Os caras estão de bico ali. Eles vendem e não deixam ninguém vender.
Um outro sugeriu que o acompanhássemos até a praia que era mais tranquilo. E diz:
– Tem 10 (R$ 10 em droga) aqui. Daí ele vai pegar mais. Só vou descer ali no mocó para pegar. O pó é bom. Vou ali buscar mais um pouco ali.
No sábado à noite, as ruas de Canasvieiras ficam lotadas de pessoas à procura de diversão. Nesse dia, a equipe da RBS TV conheceu um rapaz que se dizia o chefe do tráfico e levou a reportagem para uma rua onde só havia prédios residenciais.
Moradores são ameaçados
Os usuários compravam e consumiam ali mesmo. Quando moradores olhavam pelas janelas, eram ameaçados pelos traficantes:
– Vão cuidar da vida de vocês.
De madrugada, depois da procura intensa, a resposta do chefe era a seguinte:
– Não tem pó. Tô esperando chegar. Acabou tudo. Não tem pra ninguém. Volta daqui a pouco.
A Polícia Militar admite que existe dificuldades para combater o tráfico em Canasvieiras. O tenente Joamir Campos, do Comando do Norte da Ilha, afirma que as equipes de inteligência da PM e da Polícia Civil trabalham juntas na repressão. Ele pede para que a comunidade denuncie. Segundo o oficial, para fazer um trabalho preventivo, inibindo o que chama de venda de drogas no varejo, seria necessário aumentar o efetivo, o que não está previsto. O delegado-geral da Polícia Civil em Santa Catarina, Mauricio Eskudlark, deve se manifestar hoje sobre o flagrante em Canasvieiras.
Contraponto
O que disseram as polícias Militar e Civil
Polícia Militar admite que existe dificuldades para combater o tráfico em Canasvieiras. O tenente Joamir Campos, do Comando do Norte da Ilha, afirma que as equipes de inteligência da PM e da Polícia Civil trabalham juntas na repressão. Ele pede para que a comunidade denuncie. Segundo o oficial, para fazer um trabalho preventivo, inibindo o que chama de venda de drogas no varejo, seria necessário aumentar o efetivo, o que não está previsto. O delegado-geral da Polícia Civil em Santa Catarina, Mauricio Eskudlark, deve se manifestar hoje sobre o flagrante em Canasvieiras.
(Fabiano Marques, DC, 24/03/2009)