Chuva agora castiga a capital

Chuva agora castiga a capital

Cerca de 40 pessoas são retiradas às pressas; confirmada a 117.ª morte

Voltou a chover forte ontem à tarde em Florianópolis e em todo o Vale do Itajaí, região mais afetada pelas chuvas desde a semana passada. Cerca de 40 pessoas foram retiradas às pressas, no início da noite de ontem, do Morro da Costa de Cima, no bairro Pântano do Sul, na Ilha de Santa Catarina – justamente no dia em que o número de desabrigados no Estado havia caído de 78 mil para 69 mil. O alerta para as famílias deixarem suas residências foi feito por uma força-tarefa composta por geólogos e geógrafos, técnicos da Fundação do Meio Ambiente (Floram), engenheiros da Prefeitura e Defesa Civil. Foi identificada uma “fenda” na localidade.

Conforme o secretário da Defesa Civil, Máximo Porto Selene, já ocorreram erosões no topo da montanha e a área de deslizamento é cerca de três vezes maior do que a área de um morro que desmoronou no km 14 da SC-401, no norte da ilha, na semana passada – e segue interditada. Técnicos da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliam a evolução do perigo no Morro da Costa de Cima.

Em Itajaí, à noite, houve pânico e pessoas desalojadas que haviam voltado para suas casas correram para as ruas, em pânico. Muitos moradores abandonaram seus carros onde puderam – os veículos acabaram ilhados. Choveu forte por cerca de meia hora, o suficiente para castigar principalmente o centro da cidade. Os moradores rapidamente providenciaram, como puderam, a retirada de móveis e objetos que ainda não tinham sido danificados.

CASAS

A Defesa Civil Estadual ainda confirmou, na noite de ontem, mais uma morte em decorrência do desastre. Foi encontrado o corpo de Herbert Raduenz, de 51 anos, morador do município de Timbó, no Vale do Itajaí. O número de vítimas chega agora a 117. Ele foi encontrado 11 dias depois do ápice do desastre. Herbert não constava da lista de desaparecidos e sua mulher segue desaparecida. Como o Estado mostrou ontem, o número de desaparecidos ainda precisa ser atualizado por polícia e Defesa Civil.

E os números da tragédia não param de crescer em Santa Catarina. Um levantamento preliminar nas cidades do Vale do Rio Itajaí-Açu já registra 1.089 casas destruídas ou condenadas e 71.530 residências danificadas – grande parte em área de risco, com reocupação ameaçada. Os números ainda não levam em conta as centenas de famílias retiradas das áreas rurais.

A Companhia de Habitação (Cohab) de Santa Catarina anunciou ontem que pretende começar no início de janeiro a construção de cerca de 3 mil casas para atender as vítimas de baixa renda das enchentes e deslizamentos no Vale do Itajaí. Mas algumas casas populares devem ser erguidas ainda nesta semana em Itajaí, onde são contabilizados 11 mil desabrigados (mais informações nesta página).

Segundo a diretora-presidente da Cohab no Estado, Maria Darci Mota Beck, o fim de ano dificulta a contratação de empreiteiras e mão-de-obra, mas a intenção é iniciar a construção das residências o mais rapidamente possível.
RODRIGO BRANCATELLI, EDUARDO NUNOMURA, JULIO CASTRO E AGÊNCIA RBS

NÚMEROS

Blumenau: 18.150 casas danificadas e 70 destruídas. Até o momento, segundo a prefeitura, 340 casas foram consideradas em área de risco e 190 foram condenadas

Gaspar: 550 casas destruídas e 9,8 mil danificadas

Brusque: 100 casas destruídas e 480 condenadas

Pomerode: 23 casas destruídas e 80 danificadas

Itajaí: 43 mil edificações da cidade – o que corresponde a cerca de 90% do total – foram atingidas. Até ontem, 17 tiveram de ser demolidas, nos bairros Limoeiro e Espinheiro

Ilhota: sem registros oficiais, mas 800 pessoas já foram retiradas da zona rural

São João Batista, Guabiruba e Nova Trento: pelo menos 35 casas destruídas

Benedito Novo e Timbó: 104 casas destruídas e e 500 danificadas até ontem

Fonte: prefeituras e Defesa Civil do Estado

(Estadão, 03/12/2008)