13 out Fiscais flagram pesca clandestina na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo
Operação na costa da Capital foi acompanhada pela RBS TV
Dois barcos pesqueiros foram flagrados na área da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, na Grande Florianópolis, pela fiscalização ambiental, acompanhada pela reportagem da RBS TV. As imagens do crime ambiental foram divulgadas no domingo à noite, no programa Estúdio Santa Catarina.
O repórter Marcelo Siqueira acompanhou fiscalização de analistas ambientais do Instituto Chico Mendes, responsáveis pelo controle da área de aproximadamente 18 hectares que compõe a reserva.
Quando seguiam num bote inflável até a ilha do Arvoredo, a principal do arquipélago, os fiscais avistaram dois barcos pesqueiros retirando as redes do mar dentro da área de preservação ambiental, criada em 1990.
Decreto federal protege o ecossistema costeiro na região, rico em corais e peixes, além das 22 espécies ameaçadas de extinção nas porções de terra. O acesso público à área, que servia para competições de pesca, foi proibido.
Quando avistaram o bote com os analistas, pescadores de uma das embarcações tentaram recolher a rede e fugir, mas receberam ordens de parada de um analista, que conseguiu registrar a infração em fotografias.
Segundo informações repassadas pelos tripulantes, o barco havia saído no início da manhã da costa de Bombinhas, com a previsão de capturar pelo menos duas toneladas de sardinhas. O dono da embarcação, proprietário de uma loja de peças para carros em Governador Celso Ramos, foi multado e o barco apreendido.
Segundo barco
De longe, pescadores que estavam no outro barco praticando pesca clandestina, se apressaram para retirar a rede da água. Para tentar evitar o flagrante, cerca de uma tonelada de corvina foi jogada ao mar.
O mestre do barco era Júlio Cesar Wandall, que de acordo com os analistas ambientais já havia sido autuado outras três vezes por pesca ilegal. A embarcação pertence a um dos maiores empresários do ramo da pesca de Florianópolis, dono de uma peixaria no Mercado Público. Ele foi multado em R$ 70 mil.
O proprietário da peixaria disse que os pescadores apenas lavavam a rede e que o barco foi arrastado pelo vento forte para a área da reserva marinha.
— Estavam simplesmente lavando a rede no limite onde pode se pescar. No momento, nosso barco foi abordado sem o peixe — explica Marcelo Jacques.
Fiscalização
Três funcionários do instituto são responsáveis pela fiscalização em toda a reserva. Nem sempre a recepção aos analistas ambientais é amistosa. Um dos funcionários teve um osso do braço fraturado ao ser agredido por um pescador no Calhau de São Pedro, uma das ilhas na área da reserva.
Desde o início do ano, 32 embarcações foram apreendidas em área de proteção ambiental, entre botes, canoas e lanchas. Junto com os barcos, estrelas-do-mar, conchas e restos de corais para comercialização.
As irregularidades não se restringem aos pescadores profissionais. Também foram apreendidas pequenas redes de pesca e arpões, que denunciam a caça-submarina clandestina.
Em julho deste ano o governo federal publicou novo decreto com penas mais severas aos infratores ambientais. Agora, as multas variam de R$ 50 mil a R$ 50 milhões. Também foi divulgado projeto que prevê a instalação de uma base na Ilha, para facilitar a fiscalização 24h.
Saiba mais
Reserva Biológica Marinha do Arvoredo
— A Reserva Biológica Marinha do Arvoredo é composta pelas ilhas costeiras Arvoredo, Deserta, Galé e pelo rochedo Calhau de São Pedro, a Norte de Florianópolis. A área de 17,8 hectares dista a 11 quilômetros do continente e é protegida por decreto Federal.
— Sua região de entorno abrange os municípios de Florianópolis, Governador Celso Ramos, Tijucas, Bombinhas, Porto Belo e Itapema. Com exceção de Florianópolis, todos os outros municípios da região de entorno possuem sua economia baseada na pesca e no turismo.
— A criação da reserva visa proteger os ecossistemas da região costeira ao norte da ilha de Santa Catarina, suas ilhas e ilhotas, águas e plataforma continental com todos os recursos naturais associados.
— A visitação pública só é permitida em caráter educacional e ou científico, e depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.
Fonte: IBAMA
(DC, 13/10/2008)