26 ago O futuro das cidades
Da coluna de Moacir Pereira (DC, 26/08/2008)
O crescimento descontrolado de Florianópolis, a perda de qualidade de vida em vários distritos e a necessidade de ações do poder público para planejar o seu desenvolvimento foram os temas mais polêmicos a monopolizar o encontro promovido pela OAB de Santa Catarina com os candidatos à prefeitura da Capital. A reunião teve dupla motivação: o meio ambiente e os investimentos na área social.
O crescimento desordenado – a especulação imobiliária de caráter predatório – constitui-se num dos maiores desafios enfrentados por Florianópolis. Vem ganhando espaço na atual campanha política. E se repete na maioria dos municípios do Estado, especialmente naqueles situados na zona litorânea.
As entrevistas que as emissoras de TV do Grupo RBS realizaram nas principais cidades catarinenses (Florianópolis, Joinville, Blumenau, Criciúma, Joaçaba e Chapecó) revelaram um ponto comum: justamente o crescimento sem controle e os congestionamentos, que causam graves problemas para a população.
O debate da OAB-SC ficou mais acalorado quando o prefeito Dário Berger (PMDB) defendeu a “moratória”, o projeto que proíbe a construção de novos edifícios na Bacia do Itacorubi. Fez um apelo à Câmara Municipal para agilizar a sua aprovação, classificando-a de “corajosa, audaciosa e vital para o futuro da cidade”. Insistiu, também, no projeto do impacto de vizinhança.
Esperidião Amin (PP) contestou o prefeito licenciado, sustentando que o projeto da moratória representava “o reconhecimento do fracasso”, alegando que o Ipuf tem, hoje, apenas 52 servidores efetivos e mais de 150 terceirizados. Recomendou, então, aos advogados da Ordem um exame minucioso do projeto, que, segundo constata, contém privilégios que não resolverão os maiores problemas da cidade. E falou várias vezes sobre o plano “Capital Saúde Já”.
Empobrecendo
Candidato do DEM, Cesar Souza Junior fez uma afirmação contundente: “20% da população ficou mais pobre. É preciso alterar a rota do social. A falta de vagas nas creches é uma vergonha. Queremos o projeto Carinho de Mãe, não depósito de crianças”. Voltou a advogar a modernização da máquina da prefeitura, com a agilização e isenção na apreciação dos projetos.
O candidato Afrânio Boppré (PSOL) alertou que a Capital está vivendo uma fase crucial: “Ou segue o modelo atual, que a levará ao colapso, ou adota um novo sistema de gestão”. Angela Albino divulgou um dado preocupante: “80 mil pessoas moram nas áreas pobres, e, dessas, 40 mil são jovens com menos de 14 anos”. Joaninha de Oliveira defendeu a municipalização dos transportes coletivos, com passe livre para os desempregados e para a juventude. Engenheiro Marius Bagnatti, que representava o candidato Nildomar Freire, lançou com detalhes o projeto do sistema público de transportes, com uso de ônibus, de barcos e de teleféricos.
O evento foi encerrado com a proposta do presidente da Ordem, Paulo Roberto Borba, para que a Penitenciária da Agronômica seja transformada em área de lazer para uso da população.