13 ago Emprego é a preocupação número um
Embora o número de vagas no mercado de trabalho tenha crescido na Capital, a geração de empregos foi a maior preocupação apontada por 38% dos entrevistados da pesquisa do Ibope, encomendada pela RBS TV Florianópolis e realizada entre os dias 5 e 7 de agosto.
As outras duas preocupações de destaque foram a necessidade de investimento em transporte marítimo e a valorização do servidor público. Entretanto, o número de vagas de emprego formal – de carteira assinada – cresceu 4,67 % na Capital, entre abril de 2007 e março de 2008. O percentual representa um acréscimo de 5.988 vagas.
Os dados são de um levantamento realizado pelo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Em relação ao ano anterior, quando a cidade teve 6.173 novos postos de trabalho, houve uma pequena queda nas vagas oferecidas, informa análise realizada pelo técnico do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Florianópolis, Osnildo Vieira Filho.
O setor de serviços, com abertura de 3.580 vagas, e de Comércio, com 1.968 vagas, foram os que mais contribuíram para o crescimento dos índices de emprego no período, com expansão de 4,26% e 6,91% respectivamente.
Crescimento da economia aumentou postos de trabalho
O técnico explica que a preocupação da população tem fundamento, pois o crescimento das vagas não acompanha o populacional. Há uma demanda excessiva de desempregados as quais os índices positivos apresentado nos últimos anos – de 2003 a 2008 – não conseguiu abraçar.
O ano de 2007 foi o que apresentou maior crescimento, com abertura de 8.205 vagas. Em 2004 foram 6.368. O principal motivo foi o crescimento da economia e o aumento do consumo interno no Estado no ano passado.
Mais oportunidade para o qualificado
Os principais setores da economia da Capital afirmam que está havendo grande esforço para abertura de novas vagas de emprego, mas falta mão-de-obra qualificada na cidade. O técnico do Sine, Osnildo Vieira Filho, discorda.
Segundo o presidente da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio), Antônio Pacheco, as lojas têm se organizado no sentido de aumentar a capacidade de vendas, ampliando seus espaços, e assim aumentando o número de funcionários. Isso porque o comércio tem vivido um bom momento, que deve permanecer no segundo semestre de 2008, estima.
Pacheco acredita que é importante que o setor continue a crescer, mas lembra da necessidade de haver um aprimoramento da mão-de-obra.
Este é um ponto que também preocupa o presidente da Câmaras de Dirigentes de Lojistas de Florianópolis (CDL), Itamar Cavalli. Ele diz que hoje o setor vive um momento que começa a preocupar os lojistas, pois não se encontra, no mercado, pessoas voltadas para vendas em específico.
Cavalli afirma que as pessoas que procuram a área de vendas não apresentam tanta qualificação, quesito que o mercado exige cada vez mais. Além disso, lembra que o setor também tem área administrativa, informática vendas informatizadas, por exemplo, que exigem mais do funcionário. Ele acredita que a remuneração acompanha a qualificação
– Pessoas sem qualificação não têm como ser bem remuneradas. O bom profissional, porém, está sendo disputado – afirmou.
O presidente da CDL Florianópolis afirma, ainda, que com a abertura dos dois shoppings na Capital no ano passado houve um aumento de mais de 4 mil empregos. Depois disso, houve uma estabilização do número de vagas, que apresenta forte característica sazonal, em função do período de Natal e da temporada de verão.
Por outro lado, Osnildo explica que devido à grande demanda de pessoas em busca de emprego, as empresas passam a exigir maior qualificação dos funcionários, mas a remuneração não acompanha as exigências. Com isso, o mercado de trabalho passou a exigir alto nível de escolaridade além de experiência, o que dificulta a colocação das pessoas.
– Acho injusto que as empresas afirmem que não conseguem encontrar funcionários por falta de qualificação. Hoje, tem empresas que exigem nível médio até para contratar um faxineiro – finaliza. (RM)
Sonho da carteira assinada
Cleonir Antunes da Silva tem 29 anos, é casada e natural de São Lourenço do Oeste. Há 24 anos em Florianópolis, faz três meses que busca uma vaga de emprego. Ela é auxiliar de cozinha e conta que, hoje, o mais difícil é conseguir uma vaga com carteira assinada, como trabalhou da última vez, por um ano e nove meses. Antes, como empregada doméstica, conseguia emprego, mas conquistar uma vaga formal está difícil. Ela diz que as empresas a chamam para entrevista e pedem para ela aguardar ser chamada, mas o retorno nunca vem.
Investimento em turismo e informática
Florianópolis ainda pode potencializar o aumento de vagas de empregos, se investir na valorização do turismo durante todos o ano e em qualificação no setor de informática, informam especialistas.
O caminho para o aumento de vagas de emprego no setor de turismo e da maior qualificação dos funcionários da área é investir em eventos que atraiam visitantes à cidade durante todo o ano, acredita Wilson Luiz de Macedo, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). Ele informa que a ABIH e a Santur têm buscado sensibilizar os empresários para o turismo de eventos.
Isso é o que também tem feito a Convention Bureau de Florianópolis, entidade administrada por dirigentes das empresas associadas. O vice-presidente da instituição, Eugênio Neto, afirma que a entidade tem conseguido trazer, cada vez mais eventos para a Capital. O primeiro semestre de 2008 apresentou crescimento de 15% em número de eventos em relação ao mesmo período de 2007, informa levantamento da entidade.
(Renata Moreira, DC, 12/08/2008)