15 ago A hora do desenvolvimento sustentável
Confira entrevista com o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa
– O industrial Alcantaro Corrêa, 65 anos, toma posse nesta sexta-feira (15) para seu segundo mandato à frente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Em eleição realizada no dia 20 de junho, a chapa única liderada por Corrêa recebeu a aprovação de todos os representantes dos 103 sindicatos que compareceram para votar, mostrando a unidade do setor industrial catarinense. Por outro lado, avalia Corrêa, que também é vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, o resultado expressivo reforçou a responsabilidade na condução do Sistema FIESC e na defesa da indústria ao longo dos próximos três anos.
Na entrevista a seguir o engenheiro mecânico, natural de Blumenau, faz um balanço de sua primeira gestão e destaca que no segundo mandato vai reforçar a prioridade ao desenvolvimento sustentável nas ações do Sistema FIESC.
O que significa dirigir o Sistema FIESC?
O Sistema é composto por cinco entidades, incluindo, além da Federação, o CIESC, também voltado para a representação, o SESI/SC, que atende o trabalhador da indústria e promove a qualidade de vida dele, o SENAI/SC, focado na qualificação da força de trabalho e o IEL/SC, que faz a ponte entre o setor produtivo, a universidade e as entidades de fomento. O Sistema FIESC fala em nome de mais de 30 mil indústrias, que geram 600 mil empregos e por um terço do produto interno bruto catarinense. Para ter uma idéia da força de nosso parque fabril, em Santa Catarina a indústria tem participação maior no PIB estadual do que a de São Paulo. São dados que dão a dimensão de nossa responsabilidade. E para corresponder, o Sistema FIESC, por meio do SESI/SC, atende todos os dias 200 mil trabalhadores; por meio do SENAI/SC, oferece mais de 90 mil matrículas de ensino profissionalizante por ano; por meio da FIESC, luta para propiciar um ambiente adequado à atividade industrial. No triênio 2006 − 2008 os investimentos de nossas entidades superam os R$ 120 milhões, aprimorando constantemente o atendimento à comunidade industrial catarinense. E o mais importante, sempre seguindo os mesmos critérios das melhores empresas privadas.
Quais foram as principais realizações do primeiro mandato?
Na gestão, nós valorizamos as nossas 14 vice-presidências regionais e os sindicatos de indústrias, que ampliaram a sua participação na determinação das estratégias do Sistema FIESC. Ou seja, estamos fortalecendo o associativismo empresarial e, nesse sentido, também merece destaque a articulação com as entidades que representam os demais setores da economia, por meio do COFEM (Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina), e a sinergia na atuação com as federações industriais do Paraná e do Rio Grande do Sul. A luta contra a alta carga tributária teve momentos marcantes, como o episódio da alta do ICMS e da renovação da CPMF. Neles, a interlocução constante da FIESC com o poder público − pautada pela transparência e seriedade − foi importante para chegarmos a decisões que se mostraram positivas para toda a sociedade. A nossa luta pela melhoria da participação catarinense nos investimentos federais em infra-estrutura também trouxe resultados que serão determinantes para o desempenho futuro não só da indústria, mas de toda a economia de Santa Catarina. O estímulo ao aperfeiçoamento da indústria e à inovação foi outro aspecto importante. Temos uma série de consultorias que são prestadas pelas entidades do Sistema. Além disso, para internacionalizar cada vez mais a indústria catarinense, realizamos uma série de missões ao exterior. Tenho certeza que os empresários que participaram voltaram com uma visão diferente dos seus mercados e que isso tornará essas empresas muito mais eficientes.
Como será o segundo mandato?
A agenda da indústria está posta e o trabalho em curso vai continuar. Contudo, ao longo dos três últimos anos a questão da sustentabilidade ganhou maior importância e o Sistema FIESC esteve atento a essa questão que, será reforçada a partir de agora. Em tempos de competição global, o grande desafio para a indústria é compatibilizar a necessidade de geração de riqueza − imprescindível à inclusão social − com uma relação sustentável no longo prazo com o meio ambiente e com as pessoas. Isso é uma prioridade para o Sistema FIESC. É compromisso com Santa Catarina e com as próximas gerações de catarinenses, apesar de enfrentarmos no mercado competidores que muitas vezes não respeitam o meio ambiente ou os seus trabalhadores.
De que forma o Sistema FIESC pode promover o desenvolvimento sustentável?
Considerando o viés econômico, o social e o ambiental nos esforços empreendidos para promover o desenvolvimento. A indústria catarinense tem papel fundamental na geração de riqueza e isso impulsiona o desenvolvimento. Na prática, estamos ampliando nosso leque de serviços, como consultorias na área ambiental e social. Também participamos ativamente dos fóruns de debate sobre as questões ambientais e sociais, apresentando propostas concretas. Entre setembro e outubro realizaremos seis eventos, nos principais pólos industriais catarinenses, para debater o desenvolvimento sustentável, apresentando casos que são referência para a indústria.
Como o senhor avalia o atual momento da indústria catarinense?
A pressão da inflação e os juros altos são sentidos pela indústria e não podem ser ignorada. A reforma tributária emperrada é outra questão que nos preocupa. Mas, no geral, os dados sobre a indústria catarinense são positivos e confio no crescimento da economia, apesar de termos alguns segmentos importantes do setor produtivo catarinense ainda estarem enfrentando dificuldades, caso do madeireiro, do mobiliário e do de cerâmica. No primeiro semestre a produção da indústria catarinense subiu 1,3%, as vendas 10,3%, o emprego industrial 4% e as exportações 21%. Nossas importações registram um salto de 72%, mas isso é reflexo da importação de insumos, além dos incentivos fiscais e dos avanços na nossa infra-estrutura, que estão transformando o estado num importante centro logístico, que recebe produtos que são distribuídos para todo o país. Outro aspecto animador e que terá reflexos no desenvolvimento catarinense ao longo dos próximos anos é o volume de investimentos previsto. Pesquisa da FIESC divulgada no começo de julho mostra que um grupo de 144 empresas instaladas no estado vai investir R$ 6,06 bilhões no triênio 2008-2010.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Fiesc
(Acontecendo Aqui, 15/08/2008)