Vocação turística

Vocação turística

Da coluna de Roberto Azevedo (DC, 31/07/2008)
O presidente do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o francês radicado em Londres Jean-Claude Baumgarten, que participou do Painel RBS, ontem, para um auditório lotado na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis, foi absolutamente cirúrgico na análise que teceu sobre a atividade que Santa Catarina tem como vocação. Elegantemente, explicitou que não devemos dar tanta atenção para nossas debilidades, mas, acima disso, valorizar as diversidades territorial, étnica e cultural que caracterizam e tornam o Estado uma jóia rara entre os quem viajam pelo mundo.
Baumgarten não poupou elogios ao que conhece, tampouco deixou de criticar coisas que para ele parecem absurdas, como a falta de estruturas como marinas, que valorizariam a nossa orla esplendorosa. Também conclamou o poder público a participar de forma efetiva da solução de nossos gargalos de infra-estrutura, hoje pífia. Apontou para projetos com a parceria da iniciativa privada.
Resolver a questão de saneamento básico, melhorar nossos aeroportos, duplicar rodovias, por exemplo, devem ser prioritários, sugere Baumgarten, que repetiu os diagnósticos mais sombrios que nos separam dos locais que atraem cada vez mais turistas. Foi nesse tom, quase que profetizando, que assinalou a importância de se valorizar os empreendimentos na área turística e cobrar deles responsabilidade ambiental. Baumgarten, contudo, admite que odeia o radicalismo e a tachação “verde”.
Ao finalizar, pediu, sobretudo, a manutenção da pequena localidade, do vilarejo que sobrevive ao tempo e guarda a história, o jeito de viver do povo de determinado lugar e sua gastronomia. Baumgarten deixou-nos, do alto de sua experiência, a impressão de que conhecia nossa realidade mais do que muitos de nós. Ou que nós não queremos ver o óbvio, que está ao alcance de todos os nossos sentidos.