01 jul UFSC discute mobilidade e acessibilidade
Dando continuidade a um ciclo de debates que vem ocorrendo desde 2007, a UFSC iniciou ontem (30/06) a “III Jornada Mobilidade e Acessibilidade – Florianópolis e os Desafios que se impõem ao seu planejamento urbano”. O encontro prossegue nesta terça-feira (01/07) no Centro de Cultura e Eventos e no auditório da Reitoria, integrando 25 palestrantes para discussão da produção acadêmica, técnica e institucional direcionada à busca de soluções para o planejamento urbano.
Participaram da abertura o diretor-presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), Ildo Rosa, e o reitor da UFSC, Alvaro Prata, entre outras autoridades. Na cerimônia foi enfatizada a necessidade de busca de soluções imediatas para o espaço urbano – mas também de se pensar medidas de médio e longo prazo, como sendo preventivas para evitar que a situação do trânsito e da mobilidade urbana piore ainda mais. Também foi abordada a importância de promoção da visão integrada do espaço das cidades, e do envolvimento da comunidade acadêmica com a realidade.
Ildo Rosa elogiou o empenho da universidade, e classificou o evento como inovador, em função da integração que promove entre a comunidade e o plano diretor administrativo da cidade. Também comentou problemas como o número cada vez maior de automóveis na capital catarinense e a pequena participação da população em eventos como a jornada, que abrem espaço para que a comunidade faça sugestões para aproveitamento do espaço urbano.
Em seu discurso, o reitor relatou a preocupação crescente da universidade em tornar as cidades ambientes mais agradáveis e amigáveis, garantindo ao cidadão a qualidade de se movimentar adequadamente. Prata também aproveitou para reafirmar o compromisso da UFSC em contribuir para discussões e, mais do que isso, para implementar ações concretas para melhorar o sistema de transportes e a mobilidade em Florianópolis.
“De quem é a rua?”
O arquiteto e urbanista Nazareno Affonso iniciou sua palestra lançado uma pergunta ao público: “De quem é a rua?”. Coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Publico de Qualidade, Affonso é também responsável pelo trabalho de relações institucionais da Associação Nacional de Transportes Públicos. Diretor do instituto Ruaviva, em Belo Horizonte, ele não respondeu a pergunta, deixando a reflexão para o público que participava da jornada.
O arquiteto traçou um breve histórico da mobilidade cidadã no Brasil. Este modelo, explicou, foi copiado dos Estados Unidos durante o governo de Juscelino Kubitschek. Nele, o transporte individual é priorizado pelo governo através de incentivos diretos e indiretos para a indústria automobilística, deixando de lado o transporte coletivo. Essa política é responsável por encarecer o custo de vida nas cidades, compromete o bom funcionamento do trânsito e a mobilidade, pois a infra-estrutura existente nos centros urbanos não acompanha a demanda cada vez maior por carros e motos.
Segundo Nazareno, esse é o principal problema da mobilidade pública no Brasil: “Nossa política urbana favorece apenas um tipo de veículo, esquecendo que 31% dos deslocamentos são feitos via transporte coletivo e 39% a pé ou em veículos não motorizados, como a bicicleta”, destacou.
Ele também criticou a postura assumida atualmente diante do transporte público. “Quando se pensa em transporte público e mobilidade, o que vem à mente é mercado, e não cidadania” . Lembrou que com o crescimento da população urbana e o sucateamento do transporte público, além das facilidades cada vez maiores para que se adquira um veículo, a tendência é de que um número cada vez menor de pessoas utilize o transporte público, e o sistema viário entre em colapso.
Apesar da complexidade do problema, Nazareno citou alternativas. Mostrou como exemplos as cidades de Paris, Bogotá e Curitiba – esta última referência nacional e internacional em acessibilidade. Depois de mostrar fotos de iniciativas que priorizam o pedestre, e de cidades que viram o transito fluir melhor após medidas relativamente simples, respondeu a pergunta feita no início da palestra: “O automóvel não é o rei da rua. Devemos propor mudanças, ou em poucos anos ninguém mais de locomoverá nas cidades.”
A III Jornada da UFSC vai até 22h desta terça-feira (01/07), com diversas mesas-redondas. Entre os assuntos em destaque, o sistema integrado de transportes.
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(Gabriela Bazzo, Agecom, 01/07/08)