04 jul Greve: os reféns e a luz
Da coluna de Moacir Pereira (DC, 04/07/08)
A greve total do sistema de transporte coletivo de Florianópolis causa maior indignação popular do que as registradas nos últimos anos. Não ficaram revoltados apenas os mais humildes, privados de seus direitos básicos de ir e vir e de seus serviços essenciais. Tudo, na Capital, depende do transporte coletivo. E isto está comprovado, cada vez com maior intensidade, nas últimas paralisações.
E, mesmo assim, as autoridades e os políticos sequer cogitaram de oferecer alternativas à população. Não reagiram com espírito de revolta somente as mães retidas em seus lares sem direito a trabalho autônomo para melhorar a renda. Não se declararam inconformados só os usuários do sistema. Profissionais liberais, que não puderam trabalhar, também se aliam ao batalhão de frustrados com esta repetitiva afronta popular.
Comerciantes, que terão de pagar os salários em dia de empregados que, ou não estiveram ao trabalho por impossibilidade física ou não venderam um só real, por falta de consumidores. Microempresários de serviços que deixaram de operar tiveram perda de receita, mas serão obrigados a efetuar o pagamento dos salários de seus empregados e a recolher todos os impostos em dia ao mesmo poder que se omite.
A população foi contaminada por um surpreendente baixo-astral. Até aqueles que têm carro próprio cancelaram idas ao comércio, compromissos profissionais e atividades culturais e recreativas, abalados pelo clima da crise, temendo inesperadas detenções em congestionamentos ou receando algum confronto.