22 jul Dossiê praças
Um raio-X das Praças do Centro da Capital traz à tona uma realidade nada animadora. A inexistência de investimentos do poder público nos últimos anos começa a transparecer aos olhos, se traduzindo em vários problemas que prejudicam ou até mesmo inviabilizam sua utilização. Entre os principais estão espaços alagados, lixo espalhado e bancos e brinquedos quebrados. Além das deficiências na manutenção e limpeza, a ausência de segurança intimida a população a utilizar as praças, principalmente à noite.
Os bons exemplos têm partido da sociedade. Buscando mudar o cenário onde vivem, moradores têm se juntado para fazer a parte que cabe ao poder público. Um dos exemplos mais antigos e bem-sucedidos é o Parque da Luz, mantido a duras penas com as contribuições da Associação de Amigos Parque da Luz.
Mais recentemente, moradores do entorno da Praça Celso Ramos, um dos espaços mais nobre da Avenida Beira-Mar Norte, próximo à antiga Cervejaria Continental, formaram a Associação dos Amigos da Praça Celso Ramos com o objetivo de revitalizar e humanizar o local. Em agosto de 2007, a Prefeitura firmou um termo de co-gestão com a associação, que assumiu a administração da Praça. O “Castelinho”, antiga estação de tratamento de esgoto da Casan, hoje desativado, foi cedido e já restaurado, ganhando nova pintura e iluminação.
A expectativa da Associação é de que o projeto de revitalização seja iniciado ainda este ano. “Estamos batalhando por isso. Precisa acontecer antes das eleições, porque a cidade não pode esperar mais um ano. O Prefeito se comprometeu pessoalmente com a causa mais de uma vez e espero que ele cumpra”, afirma a presidente da Associação, Patrícia Vasconcellos.
O Parque de Coqueiros não recebia melhorias desde outubro de 2006, quando o espaço voltou a ser administrado pela Prefeitura após desentendimentos com a Associação dos Amigos do Parque de Coqueiros. No final de maio, ele ganhou uma Academia, fruto de uma parceria com a Unimed. O Secretário Adjunto do Continente, Luiz Ernesto Quaresma, garante que o Parque de Coqueiros vai receber outras melhorias. Ele anuncia que em breve será iniciada a revitalização completa da área.
Cadê a manutenção?
Não adianta apenas investir na infra-estrutura das Praças. É preciso também fazer a manutenção, zelando pelo que já foi investido. A Praça do Itacorubi, por exemplo, foi revitalizada no ano passado depois de muita reivindicação da comunidade e já dá sinais de degradação, como uma mesa quebrada há meses e que ainda se encontra no local, além de um grande volume de lixo espalhado pelo local.
Segurança zero
Outro grave problema das praças de Florianópolis é a segurança, ou melhor, a falta de segurança. A inexistência de vigilância presencial ou mesmo remota causa receio aos moradores, que não se sentem seguros para freqüentá-las em especial à noite.
A Associação dos Amigos da Praça Celso Ramos arregaçou a camisa para acabar com esta insegurança e comprou câmeras de vigilância eletrônica. Patrícia Vasconcellos, presidente da Associação, afirma que a princípio serão apenas duas, mas que a idéia é ampliar o monitoramento assim que tiverem mais recursos disponíveis. “As câmeras serão acompanhadas 24h pela Guarda Municipal, na sede em Coqueiros. Uma delas tem alto-falante, permitindo aos guardas advertir as pessoas que estiverem praticando ações erradas. Vai ter gente levando susto”, afirma ela.
O comandante da Guarda Municipal de Florianópolis (GMF), Ivan da Silva Couto Júnior (GMF), afirma que a intenção é ampliar a vigilância eletrônica para outras praças e ruas da cidade. “As câmeras instaladas em torno do Beiramar Shopping fazem parte de um projeto piloto. Já presenciamos alguns delitos e acidentes através delas”, explica. Mas esta é uma realidade reservada para um futuro ainda distante. “Até 2017, vamos ter um efetivo de 800 guardas. Aí será possível expandir não só o videomonitoramento, como a ronda no local”, afirma o comandante.
Ações cosméticas
Algumas ações da Prefeitura podem ser classificadas como “cosméticas”. A Avenida Hercílio Luz, por exemplo, foi revitalizada, recebendo um vultoso investimento, porém é pouco utilizada pela população. O espaço é mais um local de passagem que de convivência e lazer, até por ser esta Avenida.
Confira os principais problemas detectados nas praças do Centro
Praça Celso Ramos
– Há lixo espalhado por vários locais
– Alguns brinquedos estão quebrados
– Detecta-se pichação no local
– Os bancos servem de dormitório a moradores de rua, mesmo durante o dia
– Há constantes alagamentos, mesmo com chuva fraca. A programação especial preparada para acontecer durante a campanha contra a pólio na Praça foi cancelada recentemente em função deste problema.
Praça dos Namorados
– A grama cortada raramente, somente depois que o mato já está alto
– Algumas pedras portuguesas estão soltas, o que segundo moradores próximos proporciona acidentes constantes com as crianças
– O acúmulo de água na cobertura do “castelinho” é freqüente, e os mosquitos que ali se criam infestam os apartamentos dos andares mais próximos
– O assentos de madeira colocados sobre as bancadas de concreto estão soltos, com pregos perigosos à vista
– A iluminação está prejudicada por causa de lâmpadas e luminárias que danificaram e não foram substituídas.
Praça Esteves Júnior
– Algumas grades de proteção dos canteiros estão entortadas
– O busto de Esteves Júnior erguido no local está pichado.
Praça Getulho Vargas (Dos Bombeiros)
– Há lixo espalhado por vários locais
– Alguns bancos estão quebrados, oferecendo risco aos freqüentadores FOTO
– A grade que circunda o parque infantil está furada
– Algumas grades dos canteiros foram depredadas
– Alguns degraus (desníveis da Praça) estão em mau estado de conservação, oferecendo risco de queda dos pedestres que circulam pelo local.
Praça XV
– Banco quebrado
– Moradores de rua utilizam a Praça como “casa”, mesmo durante o dia
– Embora em menor volume que em outras praças do Centro, há lixo espalhado pelo local.
(Imagem da Ilha, 22/07/2008)