05 jun No dia do meio ambiente, muito e pouco a comemorar
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje, traz motivos para festejos e outros nem tanto na Capital. Enquanto Curitiba se firma como uma das capitais mais verdes do País, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou um extenso relatório onde o Rio Iguaçu aparece como o segundo mais poluído do Brasil quando corta a Região Metropolitana. Conforme o IBGE, o Iguaçu só perde para o Rio Tietê, que corta a Grande São Paulo. As águas do Iguaçu são tão poluídas que desde 2001 a Sanepar não capta mais as suas águas para consumo na Grande Curitiba.
A qualidade das águas constante no relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS 2008), divulgado ontem pelo IBGE, considera as águas de um rio em ótimo estado quando alcança o índice acima de 80. O Tietê apresenta índice 30, e o Iguaçu, 31. Outro rio paranaesne que aparece na pesquisa do IBGE é o Rio Tibagi, que abastece Londrina e outros municípios do Norte do Estado. O índice do Tibagi é 67. Os dois rios são genuinamente paranaenses, nascem e morrem em território do Paraná.
Durante mais de 32 anos, a Sanepar utilizou as águas do Iguaçu para abastecimento na Grande Curitiba, mas o alto grau de poluição e contaminação fez que com a captação fosse efetuada de um canal formado pelos Rios Pequeno e Iraí, que passa debaixo do Iguaçu e entra na captação situada às margens da BR-277.
Ao mesmo tempo, a empresa informou que até 2010 serão investidos mais de R$ 600 milhões em obras e ações na bacia do Rio Iguaçu, para tentar reduzir a poluição, que é também provocada pelo lançamento de resíduos sólidos e deficiências na drenagem urbana. Extensão de rede de esgoto e melhorias no sistema de abastecimento de água estão programadas, licitadas ou já em execução em Piraquara, Pinhais, São José dos Pinhais, Campo Largo e outros municípios da bacia.
Um exemplo de que é possível recuperar o Iguaçu, é que ele serve de fonte de abastecimento humano para municípios do Sul do Estado, como Porto Amazonas.
Verde — Curitiba, atualmente conhecida como Capital ecológica, é uma das que possui melhor cobertura verde. São 51,5 m² de área verde por habitante, quatro vezes superior ao recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) — de 12 m² — como o mínimo necessário para a qualidade de vida. Curitiba fica atrás apenas de Goiânia, que apresenta uma duvidosa margem de 94 m² de área verde por habitante.
As concorrentes do Sul do país, Florianópolis e Porto Alegre, não possuem trabalhos para detectar esse percentual. A capital gaúcha ainda arrisca a média de uma árvore por habitante, chegando ao número aproximado de 1,5 milhões de árvores em áreas públicas, que abrange ruas e praças. A ONU recomenda que haja duas árvores por habitante. Curitiba tem, só nas vias e praças públicas, 300 mil árvores plantadas, sem contar os maciços florestais.
No Paraná — Um outro ponto de interesse a ser discutido no Dia Mundial do Meio Ambiente é como anda a real cobertura florestal do Paraná. Durante mais de duas décadas os verdadeiros números ficaram escondidos, por falta de levantamento, mas com o monitoramento via satélite ficou possível calcular. A cobertura florestal do Paraná corresponde atualmente a 17% do território paranaense.
A primeira — O prefeito Beto Richa planta, hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente, uma muda de canela-sassafráz (ocotea pretiosa), a primeira árvore do Parque Linear da Linha Verde. Serão plantadas 2.500 árvores nativas na extensão da Linha Verde.
Richa também assina decreto com uma lista de sete espécies de árvores exóticas invasoras, que serão removidas dos parques, praças e ruas da cidade, substituídas por plantas nativas. A substituição faz parte do programa Biocidade, lançado em março de 2006 e apresentado na COP, em Bonn, na Alemanha.
A questão ambiental no país
O que melhorou
O Brasil vem reduzindo aceleradamente o consumo de substâncias destruidoras da camada de O3 (ozônio), superando as metas estabelecidas para o País no Protocolo de Montreal, assinala o estudo do IBGE. De acordo com dados do Núcleo de Ozônio do Ministério do Meio Ambiente, citados no estudo, a queda nas substâncias foi de 11.198 toneladas para 1 431 toneladas, de 1992 a 2006.
Em relação à qualidade do ar nas cidades, o estudo aponta estabilidade e até redução em alguns poluentes. “De forma geral, a qualidade do ar nas cidades tem melhorado”, diz o responsável pelos indicadores ambientais do estudo, o biólogo Judicael Clevelario Junior.
O levantamento do IBGE aponta dados positivos no avanço da área de unidades de conservação no País. Em 2007, o número de unidades chegou a 299, com área total de mais de 700 mil quilômetros quadrados.O percentual da área protegida em nível federal saltou de 6,5% em 2003 para 8,3% do território em 2007. As unidades de conservação estaduais abrangem 367 mil quilômetros quadrados e as municipais, 35 mil quilômetros quadrados, segundo o IBGE.
O que piorou
O estudo do IBGE mostra que a poluição atmosférica brasileira mudou de perfil. As emissões industriais caíram, mas o ar é afetado negativamente pelo aumento da frota de veículos, fruto
do crescimento econômico, e pela queima de mata no Norte e no Centro-Oeste e de cana-de-açúcar no Nordeste, em Minas e em São Paulo.
Entre 1989 e 2004, o número de espécies ameaçadas de extinção no Brasil saltou de para 398 para 627. Segundo o IBGE, os grupos que apresentam maior número de espécies ameaçadas são as aves, os peixes de água doce e os insetos, com 160, 142 e 96 espécies, respectivamente.
Em relação ao tráfico de animais, o IBGE calcula que, anualmente, 38 milhões de animais são comercializados internacionalmente e o Brasil é um dos principais fornecedores, responsável por 10% do mercado. Em 2005, mais de 37 mil animais que seriam comercializados ilegalmente dentro e fora do país foram apreendidos, mais que o dobro do número registrado em 2000.
(Flávia Gradowski Sampaio/Mario Akira, Bem Paraná, 04/06/08)