09 jun Minhocas em casa: uma solução para o lixo orgânico
Artigo de Ana Claudia Nioac Salles — economista e aluna de doutorado no Programa de Planejamento Energético da COPPE/ UFRJ (O Eco, 31/05/08)
O que você acha de adquirir um novo animal de estimação? Que tal minhoquinhas?! Em Brasília tive a oportunidade de conhecer um projeto genial que resolveu o meu desconforto de ter que jogar restos de comida, papéis e jornais fora. Ao invés de jogar os resíduos orgânicos na lata de lixo – o que fazia com que eles fossem encaminhados para o aterro –, passei a alimentar minhocas.
Através de soluções simples e lúdicas, o Projeto Minhocasa busca conscientizar as pessoas das suas próprias ações, despertando-as ao mesmo tempo para a problemática da gestão inadequada do lixo em todo o Brasil. Além de kits de minhocultura, compostagem e biofertilizantes, ele oferece cursos, oficinas, visitas ao canteiro do projeto e consultoria na área ambiental.
O Kit Minhocasa é composto por três caixas, uma tampa, um garfo de jardim, uma torneira, húmus e minhocas. Nas duas caixas de cima colocam-se as minhocas e o lixo orgânico (derivados de organismos vivos). As minhocas, que circulam entre essas duas caixas através de furos nos seus fundos, se alimentam desses resíduos produzindo um fertilizante natural, rico em nutrientes, para ser colocado nos vasos e canteiros de plantas.
O kit pode ser colocado em varandas, áreas de serviço, escritórios, escolas e jardins. Todos os seus restos de comida, como casca de legumes, de verduras e de frutas, pó de café e de chá, ovos, alimentos estragados e ossos, bem como guardanapos usados, poeira, cabelos, papéis, jornais, aparas e podas de jardim podem ser despejados nele.
A grande sacada do Kit Minhocasa é justamente ser um sistema simples e fácil de operar, que cabe em locais pequenos, não produzindo mau cheiro. E ele ainda coleta o excesso de umidade do lixo sob a forma de biofertilizante líquido bom para regar plantas, que escorregue para a caixa de baixo, na qual há uma torneira.
A produção de húmus a partir de resíduos orgânicos não é nenhuma novidade, mas a atividade de compostagem, embora seja muito antiga, ainda é pouco praticada no Brasil. A idéia do minhocário domiciliar foi trazida da Austrália pela educadora ambiental Clarissa Cassab Danna e pelos os outros dois integrantes do Projeto Minhocasa, quando estudaram e moraram por lá.
Esse sistema, que instiga a curiosidade de todos, facilita ainda a compreensão da função ambiental das minhocas. Clarissa explica que as minhocas levam 90 dias para chegar à fase adulta, são hermafroditas e cruzam toda semana, dando origem a cerca de 6 minhocas por ovo.
O projeto funciona há 2 anos no Distrito Federal já tendo sido implementados em escolas, universidades, creches, condomínios, empresas e propriedades rurais.
Outra frente de trabalho dessa turma é o Projeto Sombra da Mata de inclusão sócio-ambiental de crianças e jovens da Escola Classe Rural Córrego Barreiro da Ponte Alta do Gama/DF.
O projeto atende cerca de 65 crianças e 15 jovens, oferecendo oficinas ambientais, esportivas, literárias e culturais no espaço-sede equipado com brinquedos, biblioteca e videoteca.
A mensagem mais importante desses projetos é que bastaria que cada um fizesse a sua parte na luta pela preservação do meio ambiente, com pequenas ações diárias, para que os efeitos fossem significativos. Estimulando as pessoas a refletirem e a repensarem as suas atitudes, eles incentivam mudanças de acordo com a realidade de cada um.
Exemplo claro disso é uma pequena caixa de minhocas que nos permite contribuir individualmente para reduzir o volume de lixo transportado e depositado nos aterros e lixões, nos conscientizando das nossas responsabilidades pelos produtos que compramos e pelo lixo que geramos.
Então, que tal adquirir um kit agora?