10 jun Brasil poderá ter estádios solares para Copa de 2014, SC já dispõe da tecnologia
O Brasil já conseguiu vencer a disputa para sediar a Copa de 2014, agora é a vez de especialistas em energia solar conseguirem transformar os estádios em fontes de aproveitamento de uma riqueza ainda desperdiçada pelo país: os raios solares. O projeto “Estádios Solares” propõe a instalação de painéis solares em toda a cobertura dos estádios que receberão os jogos, começando pelo Maracanã, no Rio de Janeiro.
“Desenhamos uma cobertura de painéis fotovoltaicos para o Maracanã com gerador de 3,7 MWp, o suficiente para suprir energia para mais de duas mil residências”, explica o diretor técnico do Instituto Ideal, Ricardo Rüther, responsável pelo projeto.
Ruther coordena também o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (Labsolar/UFSC), que já pesquisa e aplica há alguns anos esta tecnologia. Em entrevista ao site CarbonoBrasil, o professor disse que a idéia está muito próxima de sair do papel. “O projeto já chegou aos ouvidos do Lula e ficamos sabendo que ele ficou muito interessado”, revela.
Estádios com painéis fotovoltaicos já são velhos conhecidos de países que receberam competições internacionais. Alguns jogos da Euro Copa 2008, com início em 07/06, serão realizados no maior estádio solar do mundo, o Stade de Suisse Wankdorf, em Berna, na Suíça. Com 10.738 células solares, o estádio gera 1,134 gigawatts hora (GWh) de energia por ano.
A China também utilizará a tecnologia para alimentar o Nacional Indoor Stadium, um dos locais que receberá os Jogos Olímpicos deste ano. Os 1.124 painéis solares da cobertura irão fornecer 2,32 megawatts hora (MWh) de energia anualmente. As vilas olímpicas dos Jogos de Atlanta (EUA) e Sidney (Austrália) também receberam energia solar.
Mercado aquecido
O projeto “Estádios Solares” seria uma possibilidade de incentivo a uma fonte ainda pouco explorada no país, apesar do grande potencial. A média anual da energia solar incidente no Brasil é de 1500 a 2300 kWh/m2/ano. “A radiação solar na região mais ensolarada da Alemanha é 40% menor do que na região menos ensolarada do Brasil”, compara Rüther.
O professor explica que a tecnologia fotovoltaica evoluiu muito e hoje pode ser adaptada à estética das edificações, nas paredes com filmes finos, nos telhados com modelos curvos colocados sobre as telhas, em janelas com módulos semitransparentes que permitem obter luz natural ao mesmo tempo em que é captada a energia, etc.
“Todas estas inovações fizeram este mercado disparar. Em 2007, foram instalados quatro mil megawatts em todo o mundo, um aumento de 82% em relação a 2006”, destaca. O professor diz que, a cada ano, o custo para produção cai em 5%, o que permite calcular quando esta energia será competitiva no ambiente urbano frente ao modelo tradicional.
Entre as vantagens do uso de painéis fotovoltaicos, Rüther relaciona a não necessidade de áreas extras para a instalação; a possibilidade de instalação no meio urbano, gerando energia junto ao ponto de consumo; a utilização dos painéis como telhados e fachadas e questões estéticas, ecológicas e de inovação. “Eles são projetados com grande garantia, de 20 a 25 anos, são adaptáveis à construção civil e modulares”, completa.
O Instituto Ideal coordena ainda outros dois projetos nesta área. Um deles é o “Aeroporto Solares”, que tem como piloto o novo terminal de passageiros de Florianópolis. “Temos convênio com a Infraero para solarizar esta nova área e já estamos trabalhando nisso”, afirma Rüther. Ele explica que bastaria cobrar R$ 0,25 por passageiro durante um ano (P = 1,20 MWp) para instalar os painéis fotovoltaicos no local.
A outra proposta é o “Programa Fotovoltaico Residencial do Brasil”, que propõe aumentar o potencial energético solar do país em 1000 MWp em 10 anos através do oferecimento de tarifa prêmio garantida por 20 ou 25 anos para quem instalasse painéis fotovoltaicos. “Para convencer a população, eu preciso oferecer um pagamento pela geração, mas precisamos de legislação para que esta energia, que ainda é cara, se torne viável em breve”, defende o especialista.
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(Paula Scheidt, Carbono Brasil, 06/06/08)