O Estado das motosserras

O Estado das motosserras

Artigo de Mauro Passos — presidente do Instituto Ideal (DC, 30/05/08)
No dia do encerramento do Sustentar 2008, um evento sobre variações climáticas, energias renováveis e consumo responsável, promovido pela Assembléia Legislativa, é anunciado pela Fundação SOS Mata Atlântica que o Estado de Santa Catarina é, outra vez, identificado como o mais implacável de todos com o que resta da Mata Atlântica. Segundo o Atlas da Mata Atlântica, o território catarinense foi o que mais teve áreas devastadas, de 2000 a 2005.
Os números são assustadores e nos constrangem profundamente. Foram derrubados 45 mil hectares de mata nativa, uma alta de 7% em relação ao que tinha sido desmatado no período anterior, de 1995 a 2000. Das 51 cidades monitoradas, as três que mais agrediram a Mata Atlântica são catarinenses: Mafra, Itaiópolis e Santa Cecília. Ao que parece, naquela região, o barulho das motosserras, não despertou a consciência dos seus prefeitos e demais agentes responsáveis pela preservação ambiental.
Não estamos falando da região amazônica. Estamos falando de graves agressões ambientais próximas de núcleos urbanos, constituídos e consolidados há muito tempo. Mafra, por exemplo, é uma próspera cidade. Sua administração precisa responder por esta triste constatação de descaso com o meio ambiente. O governo do Estado também é responsável.
A sociedade catarinense, que não compactua com a agressão ambiental e tem consciência do que representa acabar com o pouco da mata que ainda resta, precisa exigir das autoridades rigor com a fiscalização e punição severa aos que determinam o acionamento das motoserras. A Assembléia, que acaba de promover um debate sobre meio ambiente e variações climáticas, demonstrando perfeita sintonia com a opinião pública catarinense, precisa agir. Uma Audiência Pública, por exemplo, é um bom começo.