23 maio Exposição da Imigração Japonesa em Florianópolis
A Fundação Catarinense de Cultura e o Museu de Arte de Santa Catarina apresentam a exposição comemorativa do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Para compor a mostra, foram convidadas três artistas representantes da cultura japonesa, residentes em Florianópolis: a gravadora Julia Iguti e as ceramistas Marina Takase e Marina Uehara. Serão expostos, também, objetos oriundos de vários acervos pertencentes à comunidade japonesa local. Esses objetos, de valor documentário e afetivo, foram escolhidos para representarem exemplarmente a tradição da cultura japonesa no Brasil.
Abertura: 27 de maio de 2008, às 19h30min.
Visitação: Entrada Franca, 28 de maio a 22 de junho de 2008, das 13 às 21 horas, de terça a domingo.
(Deluana Buss, Fundação Catarinense de Cultura, 21/05/08)
JULIA IGUTI
Artista Plástica e Arquiteta. Reside em Fpolis desde1996.
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1987 – Hall da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
1990 – Centro Cultural São Paulo/ SP
1990 – Hall do Jornal Toyama Shinbun – Toyama – Japão
1996 – Museu Victor Meirelles – Fpolis/SC
2008 – Fundação Cultural BADESC – Fpolis/SC
2008 – Casa da Memória- Fpolis/SC
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1987 – Museu de Arte Moderna- MAM/SP
1988- Centro Cultural em Saint Nazaré – França
PREMIAÇÕES
1986 – Menção honrosa no 7º Salão Catarinense de Novos Artistas Plásticos – Fpolis/SC
1992- 1º lugar noconcurso para escolha da capa da lista telefônica Florianópolis e Sul Catarinense.
MARINA UIEARA
Formação Acadêmica/Titulação
1987 – 1991: Doutorado em Química Orgânica.
University of Bristol, Bristol, Inglaterra
1979 – 1983: Mestrado em Química.
Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, Brasil
1978 – 1978: Especialização em Química.
Fundação Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá, Brasil
1972 – 1975: Graduação em Licenciatura em Química.
Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, São Carlos, Brasil
Atuação Profissional
Fundação Universidade Estadual de Maringá – UEM
Departamento de Química, Centro de Ciências Exatas
04/03/1976 à 14/03/1979: Professor Auxiliar
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Departamento de Química do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas,
Período: 03/08/1979 à .25/06/2003.
Professor Adjunto
Junho de 2003 até a presente data: Professor voluntário do Departamento de Química – UFSC
Atividades Cerâmicas:
2004 – 2008 – Curso com a ceramista Vânia Bueno – Florianópolis – SC
setembro 2004 – novembro/2004 – Curso de Cerâmica no Burlington Art Centre , Burlington,
Ontário – Canadá, com a ceramista Helen Beswick.
agôsto 2004 – novembro/2004 –Vivência no atelier de cerâmica no Canadian Japanese
Cultural Centre com o ceramista Harold Takayesu.
19/04/2005 –05/06/2005 – Participação com trabalhos na Casa Nova, Alameda Casa Rosa, Florianópolis – SC.
Agosto de 2005 – Participação na feira Construir e Decorar, Florianópolis – SC
2004 – 2008 – Sócia do estúdio-galeria “ Moquém Cerâmica Contemporânea”, Florianópolis – SC, com trabalhos expostos e ministração de aulas.
2006 até a presente data: várias participações junto à Associação Nipônica Catarinense com exposição de trabalhos.
A imigração japonesa para o Brasil deu-se por motivos econômicos
Com a Reforma Meiji de 1868, deflagrada pela abertura do país imposto pelo comodoro norte-americano Perry, em 1854, o Japão, até então fechado pelo regime dos xoguns a qualquer contato com o mundo d’além-mar havia quase 700 anos, percebeu seu atraso com relação a outros países. Enquanto ficou escrevendo haicais, fazendo arranjos florais e fabricando espadas perfeitas, o mundo conquistara novas terras em todos os continentes e até vizinhas ao Japão; rendera-se aos saberes do Iluminismo, derrubara o Feudalismo com a Revolução Francesa e vivia já os albores da Segunda Revolução Industrial.
O Japão perdera então a revolução política e permanecia no arcaico feudalismo. Perdera a corrida por novas terras e teria que se resignar ao exíguo território altamente insulado, e não conhecera sequer os benefícios econômicos e tecnológicos das duas revoluções industriais. Tinha então sede de riqueza e progresso, fome de terras e sua alma de samurai tinha necessidade de poder.
Empreendeu então conquistas de terras e duas guerras com esses objetivos: com a China em 1895 e com a Rússia em 1905. Venceu a ambas, mas ficou com as finanças depauperadas ao extremo. Levas de samurais, cuja classe foi extinta pela Reforma Meiji, se juntavam a camponeses, não absorvidos pela reforma agrária empreendida pelo novo regime e constituíam grandes contingentes de desocupados. Foi então incentivada a imigração para o exterior: arquipélago do Havaí, América do Norte e América do Sul, principalmente Peru, Brasil e Argentina.
O Brasil, por sua vez, via seus imigrantes europeus abandonarem o campo e se fixarem nas cidades. A situação se agravou com a abolição da escravatura, e os cafeicultores paulistas se viram na iminência de prejuízos, com o preço dos raros braços lavoureiros tendendo à alta. O Brasil necessitava urgentemente introduzir trabalhadores no campo.
E assim, em 18 de junho de 1908, aportavam no Porto de Santos em São Paulo, os primeiros imigrantes japoneses.
Em Santa Catarina, os primeiros imigrantes chegaram na década de 50. Mas, os primeiros japoneses, 4 náufragos, aqui chegaram em 1803, no Porto de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, a bordo de navios russos. Foi, historicamente, o primeiro contato entre os dois povos.
Hoje a comunidade nipônica do nosso Estado produz pera, maçã, kiwi, alho de alta qualidade e estão começando a produzir vinho no centro-oeste, constituindo-se forte incremento econômico na economia de Santa Catarina.
Pesquisador: Iochihiko Kaneoya
Auspicioso centenário
De todas as contribuições nacionais para a história das artes visuais no Brasil, a japonesa foi a mais extensa e, por momentos, a mais brilhante. Desde o modernismo dos anos trinta até os dias de hoje, artistas imigrantes, ou oriundos, criaram núcleos de interesse plástico que se destacaram no panorama local, integrando-se de modo original nos movimentos emancipadores de nossa criatividade.
Citemos alguns: Kaminagai, Tiakashi Fukushima, Flávio Shiró, Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi, entre outros. Passaram pela pintura de paisagem, pelo expressionismo abstrato, pelo abstracionismo lírico e gestual, ou geometrizante, e mantiveram em suas obras um vínculo com as origens orientais e criaram aspectos próprios na semiótica da nossa pintura, usando a cor, ora como tema e meio, ora como impulso plástico de efeitos contundentes e idôneos. O exercício da cerâmica foi domínio relevante na expressão dessa estética, ao mesmo tempo de raiz e inovadora. Ela ostenta nomes tão excepcionais como Kimi Nii e Kasuko Nakano.
Ao invés de apelar para todos esses ilustres representantes, o MASC quis homenagear o centenário da imigração japonesa convidando para a presente mostra comemorativa três artistas de origem japonesa que trabalham em Florianópolis, e desenvolvem aqui suas importantes pesquisas; artistas em cujos trabalhos reencontramos, ao lado de grande impacto e intensidade, a serenidade disciplinadora característica do modo japonês de conceber a poética construtiva da forma.
João Evangelista de Andrade Filho
Administrador do Museu de Arte de Santa Catarina