07 abr Povos da floresta lançam aliança ecológica internacional
Líderes de povos da floresta de todo o mundo lançaram hoje (04/04), em Manaus, uma aliança internacional para influenciar as discussões internacionais sobre clima, desmatamento e mecanismos de redução de emissão de gases que provocam o efeito estufa. A expectativa é que essa união facilite o acesso ao chamado “mercado verde”. A Aliança Internacional dos Povos da Floresta foi discutida durante toda a semana por participantes do encontro Povos da Floresta e Mudanças Climáticas, realizado pela Aliança dos Povos da Floresta, que há 20 anos reúne índios, extrativistas e ribeirinhos.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Manoel da Cunha, a aliança internacional terá os mesmos moldes que a da região amazônica, também funcionando como rede de troca de experiências. “Precisamos de fórum transnacional para a troca de experiências entre as populações florestais de todo o mundo, tornando as demandas mais densas e ampliando a chance de virem a ser coletivas.”
A expectativa é que o movimento, coletivo e organizado, facilite o acesso aos recursos provenientes do “mercado verde”, que deverá sistematizar os mecanismos de Redução de Emissões do Desmatamento e da Degradação (REDD), previstos no Protocolo de Kyoto e que deverão ser criados por meio da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
A medida de compensação é uma estratégia dos povos da floresta na luta pelas prerrogativas que consideram básicas, como o direito à terra e aos recursos naturais e o respeito aos modos de vida tradicionais. “Experiências como a criação das terras indígenas e reservas extrativistas podem ser compartilhadas com os povos dos outros países da aliança, sempre com base na luta pelos direitos”, disse o secretário-geral do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Adilson Vieira.
Proposta
A proposta de criação do grupo foi aprovada por unanimidade pelos representantes dos 11 países (Brasil, Equador, Colômbia, Costa Rica, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Nicarágua, Venezuela, Suriname e Panamá) que participavam da reunião, encerrada hoje, e que assinaram a Declaração de Manaus. Eles contam com o apoio de observadores da ONU e de organizações não-governamentais (ONGs) do Brasil, Inglaterra e Estados Unidos, que também participaram do evento.
(Michelle Portela, Estadão, 04/04/08)