Metas de emissão de CO2 são 'desastre garantido', diz cientista

Metas de emissão de CO2 são 'desastre garantido', diz cientista

James Hansen, chefe do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da Nasa em Nova York, pediu nesta segunda-feira, 07/04, que a União Européia (UE) e seus parceiros internacionais repensem urgentemente as metas para redução na emissão de dióxido de carbono (CO2), pois eles podem ter subestimado grosseiramente a escala do problema climático. Segundo o The Guardian, o alerta baseia-se em seu trabalho publicado, também nesta segunda-feira, 07/04, que indica que os níveis atuais de emissão encaminham o planeta a um “desastre garantido.”
Hansen diz que a meta da UE de 550 partes por milhão (ppm) de CO2 – a mais rigorosa do mundo – deveria ser reduzida para 350ppm. Ele argumenta que o corte é necessário se “a humanidade quiser preservar um planeta similar àquele em que a civilização se desenvolveu.” Uma versão final do trabalho de co-autoria de Hansen com outros oito cientistas do clima, foi postado nesta segunda-feira, 7, na internet. Ao invés de usar modelos teóricos para estimar a sensibilidade do clima, sua equipe se voltou para evidências da história da Terra, que eles dizem dar uma imagem da situação muito mais precisa.
A equipe estudou amostras nucleares tiradas do fundo do oceano, que permitem traçar os níveis de CO2 por milhões de anos. Essas amostras mostram que quando o planeta começou a se resfriar durante a Era Glacial (35 milhões de anos atrás) a concentração de CO2 na atmosfera estava em 450ppm.
“Se nós ficarmos a 450ppm por tempo suficiente, o aquecimento provavelmente derreterá todo o gelo – o que irá gerar uma elevação de 75 metros no nível do mar. O que nós descobrimos é que a meta que todos nós temos buscado está fadada a levar-nos a um desastre – um desastre garantido”, Hansen falou ao The Guardian.
Com níveis tão altos quanto 550ppm, a Terra se aqueceria 6ºC, descobriu o trabalho. Estimativas anteriores acreditavam que o aquecimento seria de apenas 3ºC.
Hansen é uma figura proeminente no estudo de mudanças climáticas há tempos. Ele foi o primeiro a tornar a crise climática pública em seu testemunho no Congresso norte-americano na década de 1980. Ele tem um relacionamento complicado com o Governo Bush, que acusou, juntamente com a Nasa, em 2005 de tentar censurá-lo.
(Estadão, 07/04/08)