Maré vermelha causa proibição de venda de ostras em SC

Maré vermelha causa proibição de venda de ostras em SC

A venda de ostras e mexilhões da baía sul de Florianópolis, a principal área de Santa Catarina no cultivo destes moluscos, está proibida desde a última quinta-feira (03/04).
A decisão foi tomada pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, em Brasília, após análise da Univali (Universidade do Vale do Itajaí – SC) que constatou a ocorrência da maré vermelha. O fenômeno consiste na proliferação de algas que emitem toxinas, e recebe este nome porque a água adquire uma coloração avermelhada.
Entre os dias 2 e 3 deste mês, 12 casos de intoxicação alimentar pelos moluscos foram registrados em Florianópolis.
As ostras e os mexilhões retêm as toxinas produzidas pelas algas. “Eles filtram a água do mar”, explica Antônio Anselmo Granzotto de Campos, da Secretaria Municipal de Saúde. “Os moluscos não são infectados, porque são hospedeiros.”
Quando consumida pelo homem, a carne infectada das ostras e dos mexilhões pode provocar intoxicação alimentar.
Prejuízo
Cerca de 400 produtores foram afetados pela proibição da comercialização, segundo a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). A área contaminada é responsável por mais de 70% da produção do Estado de ostras e mexilhões.
Santa Catarina responde por cerca de 90% da produção brasileira de ostras e mexilhões cultivados.
Não foram registrados novos casos de intoxicação alimentar após a proibição da venda.
“Mancha”
A “mancha” das algas está estacionada na baía sul, segundo Granzotto. O fenômeno não é cíclico. Em 2007, foi detectado no litoral de Santa Catarina em janeiro e em setembro.
A suspensão é por tempo indeterminado. “O que nós podemos fazer é evitar que as pessoas sejam contaminadas.” Ele explica que o fim do fenômeno não depende da ação do homem.
Fatores como a elevação de temperatura no mar, acúmulo de matéria orgânica (lixo e detritos) ou mesmo circulação das correntes marítimas podem provocar a maré vermelha. De acordo com Granzotto, a hipótese do acúmulo de lixo está descartada.
(Folha de São Paulo, 09/04/08)