09 abr Esvaziar a Ilha é a solução?
Artigo de Laudelino José Sardá — jornalista, professor universitário e diretor de Comunicação da Ong FloripAmanhã (DC, 09/04/08)
Como salvar a Ilha, cada dia mais entulhada de serviços públicos, de comércio invadindo áreas residenciais, como gafanhoto em plantações, e de construções que, desfigurado o Centro da cidade, estão agora a desarranjar os balneários? No desespero, já se pensa até em pedágio no Centro para reduzir o fluxo de veículos.
Ora, essa alternativa é de cidade organizada, com transporte coletivo humanizado e eficiente. O da Grande Florianópolis é ineficiente e bagunçado e serve mais para dar lucro aos seus proprietários. Os prefeitos estão pouco preocupados. Os dividendos eleitorais estão acima da preocupação com o cidadão.
Como salvar a Ilha? Há que lipoaspirar tudo que esteja comprometendo a sua saúde. Grande parte do serviço público pode ser deslocada para o Continente, evitando assim que as primeiras e últimas horas do dia sejam neurotizantes nos acessos à Ilha. Os horários dos serviços não podem ser uniformes. As universidades deveriam funcionar em períodos incompatíveis com os de outras atividades profissionais e empresariais.
A Ilha não tem gente em excesso. O problema é a desordem econômica que bagunça a cidade sem leis e sem vontade de vencer o sedentarismo. A Ilha precisa ser salva por vontade de toda a Região Metropolitana. Se ela é a mais evidente atração turística, então a metrópole precisa investir nela, salvando suas belezas naturais, e compor um enorme cenário de riqueza para toda a Grande Florianópolis. A metrópole precisa da Ilha para crescer com referência.
Mas a Grande Florianópolis carece de um planejamento integrado. As soluções domésticas de prefeitos obtusos só aumentam as dificuldades. Se não houver soluções emergenciais de curto a longo prazo, não será apenas a Ilha a sofrer os efeitos dos incautos. Toda a região estará sujeita às tragédias que permeiam as grandes cidades brasileiras. A metrópole precisa reagir contra os domínios eleitoreiros que obstruem os caminhos do crescimento integrado.