30 abr Especialista diz que Brasil precisa avançar na prevenção aos desastres naturais
No lançamento do Ano Internacional do Planeta Terra, realizado em Brasília nos dias 23 e 24 passados, um dos temas debatidos no Seminário “O Planeta em Nossas Mãos” foi “Desastres Naturais – Minimizando os riscos, Maximizando a Segurança”.
De acordo com o Núcleo de Pesquisa e Aplicação de Geotecnologias em Desastres Naturais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), essas ocorrências são conceituadas como o resultado de eventos adversos que causam grandes impactos na sociedade e distinguem-se, principalmente, em função de sua origem, isto é, da natureza dos fenômenos que os desencadeiam.
O representante do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, Agostinho Tadashi Ogura, disse no Seminário do AIPT que o país avançou muito em técnicas, métodos e medidas relacionados à previsão dos desastres naturais. “O risco geológico está muito bem assistido no Brasil, tecnologicamente”.
Em sua apresentação, Tadashi informou que, de acordo com o modelo de abordagem do Escritório de Coordenação dos Unidos para o Socorro em Caso de Catástrofe (Undro) – entidade fundada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1971 – as principais medidas para a redução dos desastres naturais são: identificação das ameaças ou perigos; identificação e análise dos diferentes cenários de risco; definição e implementação de ações de prevenção de desastres; planejamento para situações de emergência e informações públicas e treinamento.
No entanto, mesmo com os avanços na área de previsão – identificando onde, como e quando os desastres poderão acontecer – Tadashi disse, em entrevista exclusiva a AmbienteBrasil, que o país precisa avançar nas ações de prevenção. “Não basta identificarmos as possíveis áreas de risco, o Brasil precisa saber também o que fazer, e nisso ainda estamos atrasados”, avalia.
Para ele, os desastres causados por enchentes e inundações nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, estão relacionados, principalmente, a uma questão de caráter estrutural. “Essas cidades necessitam de obras de engenharia, e estas são muito custosas para o país”, resume.
Tadashi citou ainda que uma das principais medidas para o controle de enchentes e inundações está vinculado a mecanismos de planejamento e gestão que permitam controlar o desenvolvimento da drenagem urbana e minimizar o impacto das cheias numa dada região.
“A capacitação técnica e os programas de prevenção de desastres estão avançados no Brasil, mas necessitamos de uma melhor capacidade de gestão para os problemas relacionados aos desastres naturais. Precisamos, acima de tudo, resolver o problema da desigualdade social, pois as populações mais carentes são as mais vulneráveis aos desastres naturais”, disse Tadashi ao portal.
Os temas para pesquisa e divulgação do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) foram escolhidos de acordo com sua relevância social, multidisciplinaridade e potencial de divulgação. Além disso, os assuntos selecionados chamam a atenção para os seus benefícios e, principalmente, os riscos que eles apresentam à humanidade se não forem discutidos sob a ótica da sustentabilidade.
De acordo com o Comitê Nacional do AIPT, o principal objetivo do projeto é contribuir para a melhoria do dia-a-dia das populações, especialmente nos países menos desenvolvidos.
(Fernanda Machado, Ambiente Brasil, 30/04/08)