25 abr Capital tem só 3% de floresta nativa
Desde o início da década de 70, a mata atlântica original da Ilha de Santa Catarina tem sofrido uma lenta agonia. Segundo as estimativas da Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), restam apenas 3% de mata nativa intacta em todo o território do município.
Apesar dos esforços do poder público em recuperar a área degradada por meio de projetos de reflorestamento, a especulação imobiliária e a derrubada de árvores para a agricultura têm ultrapassado os limites da fiscalização.
De acordo com o secretário da Floram, José Carlos Rauen, por muito tempo a economia da cidade teve por base a agricultura, que acabou desmatando a floresta nativa para a formação de lavouras e pastagens.
“É recente o movimento para tentar reflorestar toda a mata que foi perdida”, explica. Calcula-se que 50% de toda a malha florestal da região estejam desmatados.
Além da agricultura, atividade que perdeu força na cidade, a especulação imobiliária também é uma ameaça para a mata atlântica. “Grande parte dos novos loteamentos que surgem em Florianópolis não obedecem às medidas impostas pelo zoneamento”, observa.
Pelo Plano Diretor do Distrito Sede e dos Balneários da Capital, os loteamentos devem preservar pelo menos 30% da área total do terreno e reservar 5% para implantação de ruas.
Lei preserva
Outro indicativo sobre a área de floresta que ainda resiste são as Áreas de Preservação Permanente, que englobam manguezais, restingas e dunas, onde é proibido qualquer tipo de construção.
Segundo a Floram, as APPs correspondem a 40% do território de Florianópolis. As Áreas de Preservação Limitada, que permitem construções que ocupem até 10% do terreno, representam mais de 20% da área da cidade.
Fiscalização reforçada com doação de barco
Para tentar fazer frente aos infratores e preservar o pouco que resta da mata atlântica nativa em Florianópolis, a Floram conta com apenas 45 fiscais que atuam em todo o território do município.
Somente em 2006, ocorreram 67 demolições de construções ilegais em Florianópolis. Para quem constrói em área de APP, a multa inicial é de R$ 10 mil.
Uma lancha, doada recentemente pelo Instituto de Geração de Oportunidade de Florianópolis (IGEOF) à Floram, vai auxiliar a fiscalização, principalmente em áreas de encostas da Lagoa da Conceição e Lagoa do Peri.
A reforma do equipamento, com 90 hp de potência, custou cerca de R$ 7 mil. O órgão não possuía um veículo náutico ágil para dar suporte à atividade. “Será importante para apertar a fiscalização”, completa Rauen.
Desde o início do ano, o órgão já promoveu o plantio de 10 mil mudas de árvores nativas da região para reforçar o reflorestamento.
Em maio, será assinado ainda um convênio de R$ 600 mil para arborizar parte da Via Expressa Sul e da avenida Beira-mar Norte, assim como o entorno dos viadutos da SC-401, do Centro ao Norte da Ilha.
Árvores compensam poluição do Carnaval
Três ônibus lotados com crianças, dirigentes e integrantes da velha-guarda das escolas de samba da Capital participaram ontem (22/04) do plantio de 1,4 mil mudas de árvores nativas na Via Expressa Sul.
O plantio comemorou o Dia Mundial do Planeta Terra e fez parte do encerramento do projeto “Carnaval Carbono Zero”, lançado pelo município, com o objetivo de neutralizar a emissão de gases de efeito estufa liberados durante o desfile oficial das agremiações na Passarela Nego Quirido, no início de fevereiro.
O evento contou com a presença de dirigentes da Floram e também do prefeito Dário Berger. De acordo com o secretário da Floram, a quantidade de mudas representa o gás carbônico produzido por 40 mil pessoas que acompanharam o desfile das quatro escolas de samba na passarela.
Também fez parte do cálculo estimado a quantidade de gás emitido pelos carros alegóricos, além do material utilizado para construção das alegorias.
“O importante é que a contrapartida foi feita na cidade, o que não acontece em outros municípios”, afirma.
(Luiz Eduardo Schmitt, Notícias do Dia, 23/04/08)