29 abr Banheiro seco da UFSC será apresentado em Fórum
No Ano Internacional do Saneamento Básico, o projeto de banheiro seco desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) será apresentado no Ecobuilding – Fórum Internacional de Arquitetura e Tecnologias para a Construção Sustentável. O encontro será realizado no período de 23 a 25 de maio, em São Paulo, divulgando propostas na área de tecnologia limpa e analisando regulamentações e tendências do mercado nacional e internacional para a sustentabilidade na construção. A organização do fórum espera três mil profissionais por dia.
O banheiro seco é uma tecnologia que substitui a descarga de água por matéria orgânica seca (como serragem e aparas de grama) e transforma os dejetos humanos em adubo orgânico. A proposta da UFSC é uma alternativa aos modelos atuais considerados de difícil implantação nas residências convencionais, pois demandam grande espaço físico e alto custo.
O trabalho coordenado pelo professor e chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Wilson Silveira, envolve estudantes do mesmo departamento e de Ciências Biológicas, como a bolsista de iniciação científica Bárbara Samartini. O objetivo é demonstrar e transferir a tecnologia gerada na universidade como uma alternativa de saneamento. A proposta também busca melhorar as condições de vida da população carente, gerando trabalho e renda. Para isso, durante a construção do banheiro serão oferecidos cursos de capacitação de mão-de-obra, direcionados a comunidades do entorno da UFSC.
Além de contar com apoio da universidade, os integrantes do projeto firmaram parcerias com a Prefeitura Municipal de Florianópolis e com o Governo do Estado de Santa Catarina, principalmente nas áreas de financiamento e apoio logístico.
Santa Catarina e o saneamento
O projeto aparece como uma boa iniciativa para o Estado, que é o segundo pior em saneamento básico do Brasil. Segundo o IBGE, fica atrás apenas do Piauí. “A Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) atende 208 municípios com o abastecimento de água tratada, mas apenas 20 municípios com o tratamento de esgoto”, explica Bárbara Samartini.
A estudante destaca que o banheiro seco é uma possibilidade de baixo custo para o tratamento de resíduos gerados em áreas de dífícil implantação de redes convencionais de esgoto, como encostas e regiões litorâneas. O principal gasto é a mão-de-obra, que está sendo treinada pelos integrantes do projeto. “O investimento com material é mínimo”, afirma o coordenador do projeto.
O banheiro seco da UFSC está sendo construído no início do bairro Córrego Grande, atrás do prédio do Centro de Ciências Biológicas e da Prefeitura Universitária, e sua inauguração está prevista para o final desse ano. Nele a água da descarga será substituída por materiais como serragem ou aparas de grama, que poderão ser tratados através da compostagem. O sistema evita a poluição de rios e outras fontes de água, pois deixa de gerar esgoto ao não misturar fezes com água potável. Os dejetos são tratados no local e depois podem ser usados como adubo, pois são transformados em húmus através de minhocários.
O protótipo tem dois pavimentos porque foi projetado para um terreno plano, mas dependendo da inclinação do local, esse primeiro pavimento pode ser eliminado. A rampa de compostagem com teto inclinado e voltado para o Norte possibilita melhor aproveitamento do calor do sol, que auxiliará no processo de decomposição. Por ser uma pesquisa, a rampa foi concebida com dois materiais. Em um lado uma chapa metálica preta e de outro um vidro translúcido. Desse modo será possível comparar a eficácia dos dois sistemas durante o processo de compostagem.
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Mais informações: Com o coordenador do projeto, o professor Wilson Silveira, Fone (48) 3721-9393 ou e-mail: banheiroseco@yahoo.com.br
(Thiago Santaella, Agecom, 29/04/08)