A sustentabilidade pessoal

A sustentabilidade pessoal

Você já ouviu falar em uma mulher chamada Gro Harlem Brundtland? Ela foi primeira-ministra da Noruega há uns 20 anos e presidiu a comissão do ONU que criou o conceito de “sustentabilidade”. O que ela diz é bastante simples — que nós devemos “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de garantir as necessidades do futuro”. Simples, mas não fácil. Por isso, atenção, pois, ainda que o Relatório Brundtland refira-se à sustentabilidade planetária, quem lidera empresas, equipes ou simplesmente a si mesmo não pode ignorá-lo.
Pensar no futuro não é só tarefa dos futurólogos ou preocupação dos ecologistas. É atributo de quem pensa estrategicamente. Todos temos necessidades e procuramos atendê-las rapidamente, pois provocam desconforto. Antigamente precisávamos de comida, roupas, abrigo. Hoje acrescentamos outras prioridades — educação, lazer, relações, tecnologia, comunicação, transporte. Além disso, mudou a freqüência das necessidades. Consumimos hoje coisas que precisaremos de novo amanhã e depois de amanhã. E assim por diante.
Essa lógica nos obriga a pensar sobre a linha do tempo, pois temos de atender às necessidades pessoais de hoje lembrando das outras no futuro, próximo ou remoto. Vem daí a idéia da sustentabilidade pessoal. Nosso progresso não pode comprometer nossa fonte de riqueza. Medir se uma prestação cabe no orçamento e enfiar-se em uma dívida para comprar algo que precisamos no momento pode prejudicar o orçamento por um bom tempo. E, como conseqüência, sacrificar as necessidades do amanhã.
O conselho de Gro é para ser levado a sério na vida pessoal também, pois, no fundo, ele quer dizer que você até pode gastar hoje o que vai ganhar amanhã, desde que não perca de vista que amanhã você vai ter outras coisas para gastar. Desejos e recursos são passageiros do mesmo barco. Isso vale para o planeta, para uma empresa, para uma família e para cada um de nós. Além disso, sempre é bom lembrar que liderança começa por autoliderança. E que pensar estrategicamente é um ótimo começo.

Fonte: Revista Você S.A.

(Eugenio Mussak, Planeta Sustentável, Março de 2008)